"Há vários casos de incumprimento" do contrato de concessão atribuído em 1997, e renovado por 25 anos em 2021, à Panama Ports, filial da Hutchison, para a exploração dos dois portos situados nas entradas da via interoceânica, afirma a auditoria revelada esta segunda-feira.
A auditoria foi lançada depois do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter afirmado que "a China está a gerir o Canal do Panamá" e que pretendia "recuperá-lo".
Um consórcio norte-americano chegou a acordo com a Hutchison para compra dos dois portos panamianos.
O acordo foi descrito por Trump como uma "recuperação" do controlo dos Estados Unidos sobre o Canal do Panamá e suscitou preocupações em Pequim, que lamentou a perda de influência num enclave estratégico.
Na semana passada, a China anunciou que o seu organismo regulador vai analisar o acordo de venda dos dois portos panamianos e manifestou o repúdio pela "coação económica".
Em conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, afirmou que a Administração Estatal para a Regulação do Mercado "tem conhecimento desta transação e irá analisá-la de acordo com a Lei, para salvaguardar a concorrência leal no mercado e proteger o interesse público".
Lin Jian acrescentou que Pequim "se opõe firmemente a qualquer ação que utilize a coerção económica, o assédio ou a hegemonia para infringir os direitos e interesses legítimos de outros países".
O acordo, avaliado em cerca de 23 mil milhões de dólares (mais de 21 mil milhões de euros), prevê a transferência de 90% das participações nos portos de Balboa e Cristobal, atualmente explorados pela CK Hutchison.
O regulador antimonopólio da China anunciou hoje que vai examinar o acordo, enquanto a imprensa estatal e as contas oficiais compararam a operação a "entregar uma faca a um rival".
As autoridades panamianas insistiram que se trata de uma transação entre empresas privadas que ainda não recebeu aprovação oficial.
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