Oposição alemã unida nas críticas à coligação governamental entre CDU e SPD

A oposição alemã criticou hoje o acordo para formar uma coligação governamental entre conservadores e socialistas, com a Alternativa para a Alemanha (extrema-direita), líder da oposição, a denunciar o "ato de rendição" da CDU, vencedora das eleições federais.

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© Soren Stache - Pool/Getty Images

Lusa
09/04/2025 18:51 ‧ há 2 semanas por Lusa

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Alice Weidel

"O documento tem a assinatura do SPD [Partido Social-Democrata, centro-esquerda], que perdeu as eleições, e está repleto de vénias e de vénias aos Verdes", disse hoje a colíder da AfD, Alice Weidel, citada pelo jornal alemão Die Welt.

 

O bloco bipartidário composto pela União Democrata Cristã (CDU) e pela União Social Cristã (CSU), liderado por Friedrich Merz, venceu as eleições federais antecipadas de 23 de fevereiro, tendo recorrido aos sociais-democratas, do chanceler cessante, Olaf Scholz, para formar uma coligação com maioria parlamentar.

Por outro lado, a ex-candidata a chanceler do partido de extrema-direita, segundo classificado nas eleições, criticou: "A reviravolta na migração foi arquivada e o abandono da energia nuclear continua em vigor".

As restrições à migração são a principal bandeira deste partido, que aplaudiu, pouco antes das eleições, iniciativas legislativas que Merz levou ao Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão) e que a AfD reclamou como um decalque das suas próprias propostas nesta matéria.

"A CDU/CSU não cumpriu uma única promessa eleitoral e Merz já tinha falhado em todos os domínios antes da sua eleição como chanceler", disse Weidel, para quem "o programa do governo não aborda os importantes desafios que o país enfrenta".

Num comunicado conjunto, Weidel e Tino Chrupalla, o outro colíder da AfD, acusaram a CDU/CSU e o SPD de não serem capazes de implementar uma reforma tributária no interesse dos cidadãos.

"Mas quando se trata de dívidas às custas dos nossos filhos e netos, eles convocam o Bundestag derrotado e mudam a Lei Fundamental", afirmaram, numa referência à alteração do travão da dívida previsto na Constituição alemã, permitindo ao país aumentar gastos militares e modernizar infraestruturas, numa mudança histórica na política fiscal.

A medida foi aprovada por CDU, SPD e Verdes logo após as eleições e antes que os deputados eleitos em fevereiro tomassem posse, porque a AfD, que duplicou a sua votação de 10% para 20%, impediria a formação da maioria necessária para esta reforma constitucional.

Para os Verdes, que integram a atual coligação governamental, juntamente com os sociais-democratas, a União e o SPD "não unirão o país novamente, mas aprofundarão a divisão".

O presidente do partido ecologista, Felix Banaszak, descreveu a abolição do subsídio de cidadania em favor de uma nova segurança básica como um "reflexo negativo".

Os Verdes, que aprovaram a alteração constitucional mediante a aprovação de um fundo especial para o clima, acreditam agora que União e SPD "não querem usá-lo", alegando que "falta vontade política", o que veem como uma "má notícia" para as futuras gerações.

Já a Esquerda, através da líder do partido Ines Schwerdtner, classificou a coligação como "de ignorância e desesperança".

"Apresenta-se como completamente desanimadora, sem imaginação e sem bússola social. A política abrirá caminho aos partidos de direita", considerou a líder da Esquerda, para quem o acordo de coligação ignora "problemas como rendas altas, preços altos, a decadência da coesão da sociedade e a destruição do planeta".

Os liberais do FDP, que integraram a coligação de Scholz, mas cuja saída, em novembro passado, precipitou eleições antecipadas, considerou que falta ambição à futura coligação governamental.

"A Alemanha será governada pela cobardia no futuro", disse Christian Durr, que quer tornar-se presidente dos liberais, que ficaram fora do parlamento, ao falharem a meta de 5% dos votos nas eleições.

Já a líder da Aliança Sahra Wagenknecht (BSW, esquerda populista), considerou que o acordo de coligação "não oferece qualquer resposta à crise económica e à guerra comercial", antecipando "um terceiro e quarto ano de recessão" para um país em crise económica.

Na apresentação do acordo de coligação, o futuro chanceler, Friedrich Merz, sublinhou hoje que "vai unir" o país, mostrando que a Europa "pode confiar na Alemanha".

Leia Também: Líder conservador sublinha que acordo de coligação vai "unir o país"

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