"Qualquer passo do Japão para participar direta ou indiretamente no fornecimento à Ucrânia de armas e equipamento militar utilizado para matar cidadãos russos (...) será considerado como um ato inequivocamente hostil", disse a diplomacia russa.
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, avisou que se o Japão seguir tal via, vai enfrentar "medidas mais duras, que causarão danos significativos aos interesses do Japão nas áreas mais sensíveis".
Zakharova, que divulgou a posição de Moscovo num comunicado, não especificou as medidas com que ameaçou o Japão.
"No contexto de uma remilitarização acelerada, o Japão está a envolver-se cada vez mais no conflito sobre a Ucrânia", disse Zakharova, citada pela agência de notícias espanhola EFE.
Na terça-feira, o Japão manifestou ao secretário-geral da NATO, Mark Rutte, que visitou Tóquio, a disponibilidade para participar num comando da Aliança Atlântica de apoio à Ucrânia, segundo a agência de notícias Associated Press (AP).
Moscovo rejeitou no início da semana um possível reatamento das negociações com Tóquio sobre um tratado de paz, pendente desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), devido à atitude hostil do Japão em relação à Rússia.
"Neste momento, não há qualquer contacto com as autoridades japonesas", afirmou o porta-voz da presidência, Dimitri Peskov.
Segundo Peskov, o Japão "apressou-se a aderir totalmente a todas as medidas hostis e inamistosas" contra a Rússia.
Na sequência das críticas japonesas à invasão russa da Ucrânia, a Rússia abandonou em março de 2022 negociações com o Japão sobre o tratado de paz formal referente a 1945.
Um das principais conflitos entre os dois países é a disputa pelos direitos territoriais das Ilhas Curilhas, que o Japão designa por Territórios do Norte, ocupadas pelas tropas soviéticas no final da guerra.
Situado entre a península russa de Kamchatka e a ilha japonesa de Hokkaido, o arquipélago de 56 ilhas continua sob administração da Rússia, apesar de Tóquio reclamar as ilhas mais próximas.
"O lado russo, nas condições atuais, não tenciona continuar as conversações com o Japão sobre o tratado de paz", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo num comunicado de 21 de março, menos de um mês depois da invasão da Ucrânia.
Leia Também: Rússia protesta contra detenção de membro de delegação oficial em Paris