Dezenas de cidadãos estrangeiros, incluindo 15 croatas, foram expulsos da Sérvia nos últimos meses ou receberam uma proibição de entrada, alegadamente por representarem um risco para a segurança do país.
Em resposta, a Croácia enviou uma nota de protesto a Belgrado e informou a União Europeia (UE) sobre as expulsões, adiantou o primeiro-ministro croata Andrej Plenkovic, considerando inaceitáveis as medidas da Sérvia.
"Estamos a exigir uma explicação das autoridades sérvias", vincou Plenkovic, citado pela agência Associated Press (AP).
Belgrado não reagiu de imediato, enquanto um protesto contra as expulsões de cidadãos croatas e outros cidadãos estrangeiros críticos de Vucic e do governo sérvio decorreu hoje em Belgrado.
Os oradores no comício disseram que não permitirão que a Sérvia se torne um país de "medo e repressão".
O governo cada vez mais autoritário do populista Vucic intensificou a pressão sobre os críticos e os meios de comunicação independentes, enquanto luta para reprimir os protestos anticorrupção que duram há meses, desencadeados pelo colapso de uma cobertura no norte do país, que matou 16 pessoas em 01 de novembro.
Vucic e os seus aliados disseram que os serviços de informação ocidentais não identificados estiveram por trás dos protestos liderados por estudantes com o objetivo de o destituir do poder através da chamada "revolução colorida".
Os aliados de direita de Vucic, os primeiros-ministros húngaro e eslovaco Viktor Orbán e Robert Fico, enviaram hoje mensagens de apoio ao líder sérvio.
Orbán disse numa mensagem vídeo de Budapeste que "os patriotas sérvios podem contar com os patriotas húngaros".
A polícia sérvia deteve e interrogou vários estudantes universitários, críticos do governo e até professores, enquanto grupos de vigilância dos meios de comunicação social alertaram para ataques e ameaças contra jornalistas que cobrem os protestos.
Casos anteriores de expulsões de estrangeiros da Sérvia incluíram russos que criticaram o presidente russo, Vladimir Putin, e a sua invasão da Ucrânia.
Foram também impostas proibições de entrada a artistas regionais e ativistas pró-democracia.
Em Janeiro, a Sérvia expulsou 13 cidadãos da Croácia, Roménia e Áustria que participavam num workshop da sociedade civil em Belgrado.
As equipas de TV das vizinhas Croácia e Eslovénia foram impedidas de entrar na Sérvia na fronteira em março para cobrir um grande protesto antigovernamental.
Vucic é um antigo nacionalista extremista que diz agora querer que a Sérvia se junte à UE, mas enfrenta acusações de sufocar as liberdades democráticas, mantendo relações próximas com a Rússia e a China.
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