Em comunicado, a instituição militar explicou que as forças armadas repeliram dois ataques paramilitares no sudeste e nordeste de Al-Fashir, capital do Estado de Darfur do Norte e único reduto do exército no oeste do país, "infligindo pesadas perdas de vidas e de equipamento" aos atacantes.
Segundo a nota, "setenta milicianos foram mortos, incluindo líderes, e dezenas ficaram feridos, enquanto 15 veículos de combate e dois camiões-cisterna foram destruídos" em resultado dos combates.
Em retaliação, acrescenta-se na nota, "as milícias bombardearam indiscriminadamente a cidade em várias ocasiões, matando 62 civis, incluindo 17 mulheres e 15 crianças entre os 3 e os 10 anos".
As RSF, que estão em guerra com o exército desde abril de 2023, intensificaram os seus ataques a Al-Fashir depois de terem perdido a maioria das suas posições no leste do país nos últimos meses, bem como em Cartum e nos seus arredores, a capital do país.
Al-Fashir é uma cidade estratégica tanto para as RSF como para o exército, que a está a defender para a utilizar como plataforma de lançamento para recapturar os cinco estados do Darfur controlados pelos paramilitares.
Por seu lado, as RSF têm vindo a sitiar e a atacar a cidade desde há um ano, numa tentativa de desmantelar a presença do exército regular na região, que tem longas fronteiras com a Líbia e o Chade, a norte e a oeste, e com a República Centro-Africana e o Sudão do Sul, a sudoeste e a sul.
Peritos e especialistas locais e estrangeiros sugerem que Al Fasher, se for controlada pelos paramilitares, poderá ser declarada a sede do governo paralelo anunciado na quarta-feira pelo líder das RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, para substituir o Governo controlado pelo exército.
Os paramilitares controlam atualmente partes da região central do Kordofan, no Sudão, bem como os cinco estados ocidentais de Darfur - Darfur do Norte, Darfur do Sul, Darfur Ocidental, Darfur Oriental e Darfur Central - e as respetivas capitais, com exceção de Al-Fashir.
Desde o início, há mais de dois anos, a guerra no Sudão matou dezenas de milhares de pessoas e deslocou mais de 12 milhões.
Mais de três milhões dessas pessoas procuraram refúgio nos países vizinhos, nomeadamente no Sudão do Sul, no Chade e no Egito, o que faz do Sudão o cenário da pior crise humanitária do mundo.
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