Profissionais de saúde moçambicanos ameaçam estender período da greve

Os profissionais de saúde moçambicanos alertaram hoje que os 30 dias da nova greve, que começa na tarde de hoje, poderão estender-se caso não se chegue a "acordos concretos" com o Governo.

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Lusa
17/04/2025 14:03 ‧ há 2 dias por Lusa

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Moçambique

"A greve (...) vai durar 30 dias, prorrogáveis. [Os turnos dos] finais de semana, noites e feriados não se fazem mais em Moçambique, até que o governo resolva a situação dos profissionais de saúde", disse hoje à Lusa o presidente da Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), Anselmo Muchave.

 

O representante avançou que a greve vai iniciar-se às 15:30 (menos uma hora em Lisboa) em todas unidades médicas do país.

Em causa estão as exigências da APSUSM, que há três anos pede que o Governo providencie medicamentos aos hospitais, face à necessidade, em alguns casos, de serem adquiridos pelos pacientes, bem como a compra de camas hospitalares.

Outras reivindicações passam pela resolução da "falta de alimentação", o equipamento de ambulâncias com materiais de emergência e equipamentos de proteção individual não descartáveis, cuja ausência vai "obrigando os funcionários a comprarem do seu próprio bolso", pagamento de horas extraordinárias, além de um melhor enquadramento no âmbito da Tabela Salarial Única (TSU).

Segundo o presidente da APSUSM, atualmente decorrem negociações entre a associação e o Governo moçambicano.

"Estamos sentados com o Governo agora, mas o que nós queremos é a conclusão", referiu Muchave, acrescentando que a greve só poderá ser suspensa "depois de acordos concretos" entre o setor e as autoridades.

A greve vai consistir na alteração dos horários dos profissionais de saúde, que passarão a trabalhar apenas das 07:00 às 15:30 locais, "segundo o horário estabelecido pela lei", com observância de 30 minutos de intervalo.

 A greve tinha sido antes adiada no âmbito das negociações com o Governo, mas os profissionais tinham já alertado para a "impaciência" dos associados.

O ministro da Saúde moçambicano, Ussene Isse, alertou, em 21 de março, que uma eventual greve no setor será "um desastre" e pediu diálogo aos profissionais.

"Greve na saúde é um desastre, autêntico desastre. Imagine só ficar 10 a 15 minutos sem atender um doente na sala de reanimação, um doente crítico, o que vai acontecer? Morte. Já aconteceu aqui várias vezes, familiares de colegas nossos perderam a vida. É ou não uma tragédia", questionou Ussene Isse, garantindo que o Governo se tem "pautado pelo diálogo" com os profissionais da classe com o objetivo de resolver as suas preocupações.

O Sistema Nacional de Saúde moçambicano enfrentou, nos últimos dois anos, diversos momentos de pressão, provocados por greves de funcionários, convocadas, primeiro, pela Associação Médica de Moçambique (AMM) e, depois, pela APSUSM, que abrange cerca de 65.000 profissionais de saúde de diferentes departamentos e que exigem, sobretudo, melhorias das condições de trabalho.

O país tem um total de 1.778 unidades de saúde, 107 das quais são postos de saúde, três são hospitais especializados, quatro hospitais centrais, sete são gerais, sete provinciais, 22 rurais e 47 distritais, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde.

Leia Também: Polícia moçambicana diz que usou "meios legítimos" durante manifestações

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