"Agradecemos e rezamos por ele, que tanto amou a nossa igreja em Gaza e tanto trabalhou pela justiça e pela paz", afirmou o padre argentino Gabriel Romanelli, citado pelas agências internacionais.
Romanelli, pároco da única igreja católica da Faixa de Gaza, disse que o Papa "amava muito" a população da região, lembrando que Francisco lhe telefonava todos os dias, desde o início do conflito com Israel -- em outubro de 2023 -, e que manteve o contacto mesmo durante o seu internamento no Hospital Gemelli, em Roma, durante 38 dias, entre 14 de fevereiro e 23 de março.
Segundo adiantou ainda, a paróquia de Gaza reuniu-se em oração pelo Papa Francisco e um retrato dele foi exposto na igreja.
Uma oração espontânea decorreu desde esta manhã e incluiu um momento com toda a comunidade às 17h00 locais (15h00 em Lisboa).
Vários cristãos palestinianos lembraram como o Papa Francisco costumava dirigir-se à pequena comunidade devastada pela guerra através de videochamadas.
"Estava sempre à espera para ouvir as palavras do Santo Padre. Via-o na televisão, e ele dava-nos esperança através das suas mensagens e orações", disse Elias Al-Sayegh, de 49 anos, em declarações à agência de notícias francesa AFP.
"Todos os dias, ele reacendia a nossa esperança de que a guerra e a matança terminariam. As suas orações permanecerão connosco --- pela paz na terra da paz, a Palestina", acrescentou.
Para George Ayad, de 67 anos, a morte do Papa "apaga uma luz de amor e de paz".
Mesmo "no meio da dor e do bloqueio [de bens e ajuda humanitária] que enfrentamos em Gaza, agarrámo-nos às suas palavras como fonte de esperança", garantiu George Ayad, agradecendo o facto de Francisco nunca se ter esquecido de Gaza nas suas orações.
Num local onde as mortes são constantes e diárias desde outubro de 2023, o cristão palestiniano Ibrahim Al-Tarazi, de 33 anos, admite que ficou hoje chocado com a notícia da morte do Papa e disse sentir-se de luto.
Foram "notícias chocantes e de cortar o coração para todos os cristãos em Gaza e na Palestina", garantiu, adiantando que os corações de todos "estão destroçados".
Também agradecido pelas "orações e bênçãos" do Papa, Ramez Al-Souri, 42 anos, sublinhou que Francisco "fez soar a sua voz pelo mundo inteiro, dizendo: 'Não se esqueçam de Gaza, não se esqueçam dos oprimidos'".
"Pedimos a Deus que nos envie um novo Papa que siga os seus passos", acrescentou.
O Papa Francisco, que nasceu há 88 anos na Argentina como Jorge Mario Bergoglio, morreu hoje às 07:35 locais (06:35 em Lisboa), na Casa Santa Marta, no Vaticano, a sua residência desde que foi eleito, em 2013.
Nos últimos dois meses, esteve doente e internado devido a uma pneumonia bilateral, tendo aparecido em público pela última vez no fim de semana, na varanda central da Basílica de São Pedro, onde prestou a bênção "Urbi et Orbi" do Domingo de Páscoa.
Na mensagem de Domingo de Páscoa, lida por um assistente, Francisco voltou a denunciar a "dramática e desprezível situação humanitária" em Gaza e a pedir um cessar-fogo entre Israel e o grupo extremista palestiniano Hamas.
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