"A liberdade de culto é inviolável", disse Emmanuel Macron, numa mensagem partilhada na rede social X, em que expressou ainda "o apoio da Nação" à família da vítima e "aos compatriotas da fé muçulmana".
Um fiel muçulmano foi esfaqueado até à morte na sexta-feira por outro fiel dentro de uma mesquita no sul de França, num ato cujo motivo é ainda indeterminado, segundo o Ministério Público francês.
O autor do ataque fugiu do local e ainda não foi localizado pelas autoridades francesas.
"Dois homens estavam sozinhos dentro da mesquita, ocupados a rezar, quando um deles esfaqueou o outro várias dezenas de vezes por volta das 08:30, antes de o deixar para morrer e fugir", explicou, na sexta-feira, o procurador da República de Alès, Abdelkrim Grini, em declarações à agência de notícias France-Presse (AFP).
Un jeune a été atrocement assassiné dans une mosquée du Gard.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) April 27, 2025
À sa famille, à nos compatriotes de confession musulmane, j’adresse le soutien de la Nation.
Le racisme et la haine en raison de la religion n’auront jamais leur place en France. La liberté de culte est intangible.
A vítima, com idade na casa dos 20 anos, terá sido esfaqueada "40 ou 50 vezes", segundo a primeira análise do corpo, que terá de ser esclarecida pela autópsia, frisou o procurador, indicando que o jovem "frequentava regularmente" esta mesquita, enquanto "o alegado agressor não frequentava o local e aparentemente nunca lá tinha estado".
Perante o corpo do fiel morto, o alegado homicida foi ouvido a confessar o crime e a insultar Alá, palavra utilizada no árabe para designar Deus, num vídeo que ele próprio filmou com o telemóvel logo após o ataque com uma faca, disse uma fonte próxima do caso à AFP, no sábado.
Esse vídeo foi gravado antes de se aperceber que também estava a ser filmado pelas câmaras de vigilância no interior da mesquita na comuna de La Grand-Combe, no departamento de Gard, a cerca de 10 quilómetros da cidade de Alès, adiantou a mesma fonte.
"Vou ser preso, é certo", disse o homem, após se aperceber das câmaras de vigilância.
No sábado, o procurador Abdelkrim Grini disse que a investigação sobre este crime está em curso, tratando-se de um homicídio ou um homicídio premeditado, e indicou que o suspeito é um homem, na casa dos 20 anos de idade, "potencialmente extremamente perigoso", na casa dos vinte anos, que se mantém em fuga.
Foram realizadas buscas no sábado no sul de França, de acordo com fonte próxima do caso.
Nascido em 2004 em Lyon, uma grande cidade do sudeste da França, o alegado assassino, "Olivier A.", é um homem de nacionalidade francesa, oriundo de uma família da Bósnia, parte da qual reside no departamento de Gard. Sem antecedentes criminais, o jovem estaria desempregado.
Para o procurador Abdelkrim Grini, o suspeito é "potencialmente extremamente perigoso" e é "essencial" prendê-lo antes que faça mais vítimas.
Embora "todas as vias" de investigação estejam ainda a ser exploradas neste caso, incluindo a de um crime "racista e islamofóbico", como insistiu o procurador de Alès à AFP no sábado, esta teoria foi amplamente adotada pela classe política francesa, particularmente pelo primeiro-ministro, François Bayrou, que denunciou "uma ignomínia islamofóbica".
"A islamofobia mata. Todos aqueles que contribuem para ela são culpados", insistiu o líder de esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, apoiando o apelo para uma manifestação este domingo à noite em Paris contra a "islamofobia" e em homenagem à vítima.
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