"Conseguimos extrair dados utilizáveis do gravador de comunicações de voz ('cockpit voice recorder' (CVR)", a única das duas caixas negras do Airbus A320 que foi recuperada até ao momento, indicou hoje o diretor do Gabinete de Investigação e Análise da Aviação Civil (BEA, na sigla em francês), Rémy Jouty, numa conferência de imprensa.
O CVR foi recuperado na terça-feira, algumas horas depois da queda do aparelho nos Alpes franceses.
Este gravador de voz regista todos os sons no 'cockpit', permitindo recuperar as conversas entre os pilotos, mas também todos os sons e os anúncios ouvidos na cabine de pilotagem e os alarmes que eventualmente tenham um sinal sonoro.
Na mesma conferência de imprensa, os investigadores franceses indicaram que, neste momento, "não têm a menor explicação" sobre as causas do acidente de terça-feira, que fez 150 mortos.
"Nesta fase, claramente, não estamos em condições de ter a menor explicação ou interpretação sobre as razões que poderão ter levado este avião a descer (...) ou as razões pelas quais não respondeu às tentativas de contacto dos controladores de tráfego aéreo", disse Rémy Jouty.
O responsável referiu que os dados tinham sido recuperados alguns minutos antes da conferência de imprensa e que os investigadores ainda não tinham tido tempo para analisar as gravações.
Sem avançar com possíveis teorias, Rémy Jouty descartou, no entanto, a possibilidade de ter ocorrido uma explosão, indicando que "o avião estava a voar até ao fim".
O diretor do BEA afirmou estar otimista de que a segunda caixa negra do aparelho, que regista os dados técnicos do voo, será em breve encontrada, uma vez que os destroços estão distribuídos numa área relativamente limitada.
O Presidente francês, François Hollande, que hoje esteve no local do acidente na companhia da chanceler alemã, Angela Merkel, e do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, afirmou hoje ao início da tarde que o invólucro da segunda caixa negra do aparelho tinha sido encontrado, mas não a própria caixa.
O Airbus A-320 da Germanwings, a filial de baixo custo da companhia aérea alemã Lufthansa, despenhou-se num local de muito difícil acesso, a cerca de 2.000 metros de altitude, perto da localidade de Barcelonnette, na região de Digne-les-Bains (sul de França).
O voo 4U 9525, que fazia a ligação entre Barcelona (Espanha) e Dusseldorf (Alemanha), tinha a bordo 144 passageiros e seis tripulantes.
As 150 vítimas mortais do acidente são originárias de cerca de 15 países.
Entre a lista de vítimas constam 72 cidadãos alemães, entre eles dois bebés e um grupo composto por 16 estudantes e dois professores que tinha participado num intercâmbio escolar, mas também dois cantores de ópera de Dusseldorf Oleg Bryjak et Maria Radner.
Pelo menos 51 vítimas eram espanholas, segundo Madrid.
Outras nacionalidades foram igualmente confirmadas: Argentina, Austrália, Bélgica, Colômbia, Dinamarca, Reino Unido, Israel, Japão, Marrocos, México e Holanda.
O Departamento de Estado norte-americano confirmou hoje que dois cidadãos norte-americanos também perderam a vida no acidente aéreo.