O economista norte-americano da Harvard Kennedy School, Richard Parker, que foi colega de turma de Bill Clinton e professor de Barack Obama, considera que “não há experiência nenhuma que mostre que a austeridade resolve de facto alguma coisa”.
Em entrevista ao Diário Económico, o especialista que conhece bem a realidade europeia, depois de já ter trabalhado como conselheiro do antigo primeiro-ministro grego George Papandreou, afirma que “estamos a tentar restaurar a confiança do consumo e da procura e as políticas de austeridade dão mais razões para destruir o optimismo necessário”. “Acho isto completamente louco”, avalia o antigo professor de Barack Obama.
Richard Parker argumenta que existe uma diferença entre a recessão que resulta dos ciclos normais da economia e a que resulta do colapso financeiro. “Temos uma clara recessão do sector financeiro e neste ambiente a austeridade é o pior caminho a seguir”, defende.
O colega de turma de Bill Clinton mostra-se, contudo, optimista de que a Europa vai superar a crise. Questionado sobre se existe actualmente um risco para a zona euro, o economista considera que “não, porque agora temos um banco central que começa a actuar como um banco central”. E o especialista deixa críticas à liderança do anterior presidente da autoridade monetária do euro, Jean-Claude Trichet. “A crise na Grécia, na Irlanda e em Portugal foi muito pior porque o BCE não actuou como um banco central. Não foi dada liquidez de forma rápida, que é no fundo o que um banco central tem de fazer”, apontou, frisando ainda que “a resposta do BCE à crise foi muito tardia, muito pequena e feita de pequenos passos”.
"O BCE de Draghi é um BCE diferente do de Trichet e, na minha opinião, segue o modelo correcto", elogiou.