"Olho-vos nos olhos e digo com serenidade: Não cometi crime"

A presidente brasileira com mandato suspenso, Dilma Rousseff já está no Senado a defender-se das acusações no âmbito do processo de ‘impeachment’.

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Inês Esparteiro Araújo
29/08/2016 14:24 ‧ 29/08/2016 por Inês Esparteiro Araújo

Mundo

Dilma Rousseff

De cabeça erguida e a citar o seu passado de luta pela democracia, foi assim que Dilma Rousseff surgiu perante o Senado brasileiro. Hoje é o dia em que a presidente brasileira com mandato suspenso se defende.

“Muitos me perguntam de onde vem a minha energia. Vem do que acredito (…). Posso olhar para mim mesma e a ver a face de alguém que mesmo marcada, tem força para se defender. Sei que em breve serei julgada e é por ter a minha consciência tranquila em relação ao que fiz no exercício da presidência, que venho aqui. Venho aqui para vos olhar nos olhos e dizer com a serenidade que não cometi nenhum crime de responsabilidade. Não cometi os crimes do que são acusada”, começou por dizer.

Afirmando que “acolhe as críticas com humildade”, Dilma reiterou que dos “vários defeitos que tem”, não estão entre eles a “deslealdade e a covardia. Não traio os compromissos que assumo”. Apesar de “sentir na boca” o gosto áspero e amargo da injustiça”, Rousseff garantiu que vai continuar a “resistir”.

Ao referir-se a Eduardo Cunha – homem que aprovou o processo de ‘impeachment’ contra si – relembrou que foi ele “que motivou as acusações discutidas neste processo” e sublinhou que o “mesmo foi reconhecido como suspeito pelo presidente do supremo tribunal federal”. “Assim fica claro a trama na construção das teses por ele defendidas”, acrescentou.

“Nunca aceitei na minha vida ameaças ou chantagens. Se não o fiz antes, não o faria na condição de presidente (…) Estamos a um passo de uma grave rutura institucional. Estamos a um passo da concretização de um verdadeiro golpe de Estado (…) Perguntaram-me porque é que eu não renunciava: jamais o faria porque tenho um compromisso com o Estado Democrático de Direito”, continuou.

Apelando aos senadores ali presentes, pediu para que não “aceitem um golpe que, em vez de solucionar, agravará a crise brasileira” e para que se faça “justiça a uma presidente honesta, que jamais cometeu um ato ilegal, na vida pessoal ou funções públicas que exerceu”.

Dilma é acusada de ter cometido crime de responsabilidade ao praticar manobras fiscais e de assinar decretos a autorizar despesas que não estavam previstas no orçamento.

Se for considerada culpada por 54 dos 81 senadores, Dilma perde o mandato, assim como o direito a ocupar cargos públicos eletivos durante oito anos.

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