A Páscoa tem raízes históricas e religiosas. Mas a dada altura da história o coelho tornou-se o símbolo de uma celebração que tem também as suas origens pagãs. No judaísmo, a Páscoa é também conhecida como Pessach e é uma celebração milenar, uma festa da libertação de um povo das amarras do antigo Egito.
Para os católicos, este é um período de particular importância: celebra-se o mito da ressurreição de Jesus Cristo, que, crucificado a uma sexta-feira (a Sexta-feira Santa), regressou à vida no domingo seguinte, três dias depois. Mas o que faz um coelhinho do meio desta história?
A lenda mais comum associada à Páscoa foi escrita preto no branco no século XIX, quando Jacob Grimm se debruçou sobre mitos teutónicos.
Um desses mitos evoca uma deusa da primavera e da fertilidade, Eostre, ou Ostera, nomes que, não por acaso, têm semelhanças fonéticas com os termos com que ingleses e alemães se referem hoje em dia à Páscoa (no alemão ‘Ostern’, no inglês ‘Easter’).
Faltam provas para fazer desta história, História, com ‘h’ grande. Este será até um daqueles casos em que, à falta de provas em contrário, assumimos muito da lenda como facto histórico.
O que é certo é que em séculos anteriores já o coelho era um animal associado em diferentes culturas à fertilidade. E aqui a História, a do ‘h’ grande, tem provas biológicas do seu lado, que o diga a Austrália.
Em finais do século XVIII os coelhos foram levados de barco e libertados na Austrália. Como tantas vezes acontece com espécies introduzidas noutros habitats, pode tornar-se problemático. E assim foi: durante o século seguinte, os coelhos na Austrália reproduziram-se e reproduziram-se até virarem praga, causando prejuízos e dores de cabeça ao ponto de as autoridades locais oferecerem bom dinheiro a quem encontrasse bons métodos de controlo populacional.
Os problemas foram tantos que, por lá, até um marsupial ameaçado de extinção parecido com um coelho, o Easter Bilby, tem sido promovido a símbolo da Páscoa.
Terá sido no século XVII, na Europa protestante, que a ligação entre coelhos e Páscoa começou a ganhar cada vez mais força. E com a imigração de então do Velho Continente para o Novo Mundo (leia-se, o continente americano), tradições como esta foram levadas para o lado de lá do Atlântico.
E os ovos?
A Páscoa não é só de ovos de chocolate. É também de pinturas. A tradição é igualmente antiga. Egípcios e persas são duas civilizações da Antiguidade em que se ofereciam ovos decorados.
Este é um daqueles casos em que a tradição vai sendo incluída e adaptada em diferentes culturas. O canal História recorda o caso mais curioso no que à decoração de ovos diz respeito. Foi na Rússia que a decoração foi levada a outro nível.
O Czar Alexandre III, Imperador da Rússia de 1881 até à sua morte, em 1894, chegou a oferecer à esposa, a imperatriz Maria Alexandrovna, ovos decorados com pedras preciosas. Eram os ovos Fabergé, assim chamados por serem obras-primas da joalharia a cargo de Peter Carl Fabergé.