"Estamos muito contentes que agora haja margem de manobra, porque toda a gente é capaz e espero que tenha vontade de negociar, reduzir a tensão [...] na Catalunha e em Espanha", indicou Sigmar Gabriel ao ser questionado sobre a crise catalã ao chegar ao Conselho de Ministros de Exteriores da União Europeia.
Fontes diplomáticos alemãs especificaram à agência EFE que a Alemanha continua a apoiar uma "no quadro da Constituição espanhola", ou seja nos termos do governo em Madrid. O governo regional da Catalunha realizou um referendo pró-independência na região violando a Constituição espanhola e uma decisão da justiça espanhola e pretende declarar independência também à margem da lei fundamental de Espanha.
O Governo em Madrid, liderado por Mariano Rajoy (PP, direita conservadora), apenas admite negociar se o presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, renunciar a uma eventual declaração de independência. No entanto, Puigdemont pretende negociar já a contar com o referendo catalão ilegal que resultou na vitória do "sim" à independência.
O chefe da diplomacia alemã acrescentou que a Alemanha "apoia todos os que queiram sentar-se à mesa de negociações para resolver estes assuntos e chegar a uma situação estável na Catalunha, assim como em Espanha".
A vice-presidente do Governo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría, lamentou hoje que Carles Puigdemont não tenha clarificado se proclamou ou não a independência da Catalunha na terça-feira da semana passada - tal como tinha sido instado pelo governo central - e afirmou que tem até quinta-feira para renunciar a esse objetivo e cessar todas as ações que visam a independência.
Caso contrário, Madrid aplicará o artigo 155 da Constituição, que lhe dá poderes especiais e permite a adoção das medidas necessárias para repor a legalidade. Entre estas medidas contam-se, por exemplo, a suspensão da autonomia na Catalunha ou a inabilitação de membros do governo regional.
Numa carta enviada hoje ao Governo, Puigdemont evitou clarificar se declarou ou não a independência da Catalunha e pediu "dois meses" para dialogar e negociar uma saída política para o conflito.