Cerca de 5.000 curdos morreram nesse dia asfixiados pelos gases lançados pelos aviões do ditador iraquiano, derrubado em 2003 na sequência da invasão conduzida pelos Estados Unidos.
Foi o cúmulo da campanha de represálias contra os curdos, cujos dois principais partidos se tinham aliado com o Irão para tentar obter a autonomia da sua região no norte do Iraque.
O exército iraquiano, no seu oitavo e último ano de guerra contra o vizinho iraniano, gaseia Halabja durante uma campanha de repressão brutal, que resultou igualmente em dezenas de milhares de mortos e deslocados e em centenas de aldeias destruídas.
Fatima Mohammad, com 17 anos na altura, contou à agência France Presse ter inalado os gases, incluindo gás de mostarda, segundo os especialistas. Ainda hoje sofre de "problemas respiratórios" e continua a tomar medicamentos.
Assistiu à homenagem em Halabja, como a maioria dos 200.000 habitantes da localidade cravada na montanha curda (nordeste).
Muitos vestem de negro e têm nas mãos retratos dos familiares desaparecidos sobretudo de mulheres e crianças, junto ao memorial da localidade foram depositadas coroas de flores e no imenso cemitério colocaram-se bandeiras curdas sobre as campas.
Em Erbil, a capital do Curdistão iraquiano, os habitantes observaram um minuto de silêncio em memória das vítimas de Halabja, que se tornaram emblemáticas da atrocidade das armas químicas.
Primo de Saddam Hussein, o general Ali Hassan al-Majid, alcunhado de "Ali o químico", foi condenado à morte em 2010 por aquele massacre. Até ao fim afirmou tê-lo feito pela segurança do Iraque.
A morte de Saddam Hussein, enforcado em 2006 pelo massacre de 148 aldeões xiitas em Dujail, foi o final do processo em que era julgado por "genocídio" contra a população curda.