O novo diretor nacional comandou até agora a Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT), o departamento da PJ que investiga os crimes mais violentos e que nos últimos anos foi responsável por casos relacionados com a ETA, com os `skinheads´ ou com assaltos a caixas multibanco (ATM) com recurso a material explosivo.
O ato de posse vai realizar-se no salão nobre do Ministério da Justiça, na presença da ministra Francisca Van Dunem, numa altura em que um dos maiores problemas da PJ prende-se com o défice de meios humanos.
Almeida Rodrigues, que completa este verão 60 anos e passará à disponibilidade, esteve uma década à frente da PJ, tendo mantido a confiança de sucessivos ministros da Justiça.
Com Almeida Rodrigues sai também o seu número dois, Pedro do Carmo (diretor nacional adjunto da PJ), que regressa à magistratura do Ministério Público.
Novo diretor da PJ conta duas décadas de combate a terrorismo
Luís Neves, hoje empossado como novo diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), integra há mais de duas décadas aquela polícia, onde fez carreira nos departamentos de combate ao banditismo e ao terrorismo.
Em unidades de combate à criminalidade violenta e organizada, o nome de Luís Neves ficou ligado à investigação em casos de desmantelamento de células da ETA em Portugal, de detenção de "skinheads" e do líder de extrema-direita Mário Machado, à detenção em Itália do espião do SIS Frederico Carvalhão Gil e ao caso do rei Ghob, suspeito do homicídio de vários jovens.
Um dos seus primeiros casos mais mediáticos ocorreu quando Manuel Subtil se barricou numa casa de banho da RTP, em janeiro de 2001, exigindo uma indemnização e ameaçando que se matava. Entregou-se várias horas depois.
Mais recentemente, Luís Neves, investigou - à frente da Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT) - o assalto e furto de material de guerra em Tancos. Nos últimos anos, o novo diretor nacional da PJ ficou também associado ao desmantelamento de redes das máfias de Leste e de grupos criminosos que assaltavam caixas de multibanco com recurso a material explosivo.
Luís Neves está na Polícia Judiciária desde 1995, tendo ingressado na força policial assim que terminou a licenciatura em Direito e já depois de um estágio em advocacia. Sem qualquer desvio para outras unidades ou especialidades, esteve sempre ligado ao combate de crimes violentos e terrorismo.
Colocado como inspetor da Direção Central de Combate ao Banditismo DCCB/PJ em dezembro de 1996, onde esteve até novembro de 2004, acumulou, entretanto, a chefia das 1ª e 2.ª secções de Investigação Criminal da DCCB.
Luís Neves foi nomeado coordenador superior da PJ em outubro de 2006 e diretor nacional adjunto da PJ na direção central de Combate ao Banditismo em março de 2007, passando a diretor da Unidade Nacional de Contraterrorismo em 2009.
Em termos de formação profissional, frequentou, entre outros, o 210.º National Academy --- FBI, em 2002 e o curso de Investigação de Pós-Explosão, que decorreu no Instituto Superior de Políca Judiciária e Ciências Criminais, em 2003.
Do seu currículo conta-se ainda a frequência do curso sobre "Liderança, Ética e Tomada de Decisão" ministrado pelo Federal Bureau of Investigation --- FBI, em Quântico (EUA), em 2002.
Foi ainda perito ou ponto de contacto com organismos internacionais, designadamente a Interpol e a Europol.
Luís Neves participou ainda no projeto "Proteção de Testemunhas", de agosto de 2001 a setembro de 2002 e foi ponto de contacto dos órgãos de polícia criminal portugueses no Projeto Internacional (França, Itália, Espanha e Portugal) de Luta Contra o Crime Organizado, financiado pelo programa "Falcone" e que envolveu os centros de formação de magistrados e as polícias daqueles quatro países. Este projeto decorreu de outubro de 2000 a fevereiro de 2002.
Durante a sua carreira, Luís Neves foi agraciado com a Cruz de Mérito Policial atribuída pelo Ministro do Interior de Espanha em 2004 e com a Cruz da Ordem de Mérito do Corpo da Guarda Civil espanhola, atribuída em 2007.