O antigo primeiro-ministro enviou às redações as respostas dadas à Visão no âmbito de uma reportagem intitulada 'As revelações escondidas nas agendas de Ricardo Salgado', onde a revista revela que o banqueiro reuniu-se várias vezes com José Sócrates.
No documento enviado ao Notícias ao Minuto pelo advogado de Sócrates, João Araújo, o ex-governante confirma que esteve reunido, enquanto ministro, com Ricardo Salgado três vezes em 2008 e duas vezes em 2009, mas desmente ter tido “encontros frequentes” com o ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES).
“Tenho à minha frente o mapa de audiências da residência oficial do Primeiro Ministro, o que me permite responder com precisão a sua primeira pergunta: em 2008 recebi em audiência o Dr. Ricardo Salgado três vezes – a 23 de janeiro, a 18 de junho e a 10 de Outubro. Quanto a 2009 recebi-o duas vezes – a 21 de julho e a 12 de Outubro. Em síntese: não, nunca tive encontros frequentes com o Dr. Ricardo Salgado”, justifica.
Sócrates garante ainda que todas as audiências ocorreram a pedido do banqueiro e que “eram visitas institucionais em que se falava do desempenho do banco e que, invariavelmente, terminava numa troca de impressões gerais sobre a economia portuguesa”.
Mesmo sem ser questionado, Sócrates fez questão de acrescentar que “nunca” foi ao gabinete de Ricardo Salgado, nem à sua casa e que, antes de ser eleito primeiro-ministro, “praticamente não o conhecia”. O governante garante ainda que desde que saiu do Governo, em 2011, nunca mais se encontrou nem falou com o antigo líder do BES, à exceção de um “engano”.
“Desde que saí do Governo em 2011 nunca mais me encontrei ou falei ao telefone com ele, até que no verão de 2014, três anos depois de sair do Governo, ele me ligou – numa chamada feita por engano”, revela.
O antigo primeiro-ministro, que é o principal arguido da Operação Marquês, onde é acusado de branqueamento de capitais, fraude fiscal e corrupção passiva de titular de cargo político, diz ainda que as informações avançadas pela revista Visão não passam de uma ficção criada para justificar o processo.
“A ideia de uma pretensa proximidade pessoal entre mim e o Dr. Ricardo Salgado é não apenas uma obra de pura ficção, mas uma inacreditável trapaça jurídica criada para justificar o processo Marquês. Ah, e finalmente – não, nunca assisti a um jogo de futebol no camarote do BES: conheci o Dr. Manuel Pinho a saída do estádio”, conclui.