Recuperação do tempo de serviço "é exigência de que nunca abdicaremos"
Milhares de professores encheram hoje o Terreiro do Paço, em Lisboa, para exigir a reposição de tempo de serviço.
© Global Imagens
País Mário Nogueira
No discurso de encerramento da manifestação de professores, o líder da Fenprof, Mário Nogueira, fez referência às várias queixas dos docentes que culminaram no protesto. No centro das contestações está a recuperação total do tempo de serviço congelado.
"Estes problemas foram-se agravando ao longo da última década e o atual Governo limitou-se a carregá-los consigo, preparando-se para terminar o mandato em que não teve capacidade, não teve coragem e não teve vontade de tomar qualquer medida que pusesse cobro aos mesmos. O que fez o Governo ao longo da legislatura não foi mais do que alimentar um processo de ataque continuado e desvalorização da profissão docente", criticou o sindicalista perante os milhares de manifestantes.
Para Mário Nogueira não se trata de uma questão de desconhecimento, pois "os governantes conhecem os problemas", mas de falta de compromisso. "Comprometeram-se a esclarecer as escolas sobre as organizações dos horários dos docentes para acabar com os abusos e ilegalidades, mas não cumpriram. Comprometeram-se a resolver os problemas da precariedade e, até justificando com esse objetivo, alteraram os mecanismos da norma travão. Porém os muitos professores contratados, com 10, 15 e 20 anos de serviço que estão nas escolas e a inaceitável situação de sub-emprego que se vive nas AEC, confirmam que também não cumpriram esse compromisso", atirou.
"Comprometeram-se a tomar medidas para travar o curso do envelhecimento da profissão docente e garantir o seu rejuvenescimento, mais uma vez não cumpriram. Comprometeram-se a recompor a carreira docente e aí, não só não cumpriram, como estão apostados, se tiverem condições políticas para tal, a destruir a carreira dos professores", continuou o líder da Fenprof.
O docente fez questão de enumerar reivindicações passadas. Mas, relembrou, "tudo isto nós ganhámos, mas nada disto nos foi oferecido, tudo foi conquistado com a luta dos professores".
Sobre o panorama da carreira docente em Portugal, Mário Nogueira, voltou a frisar que há "milhares de docentes com vínculos precários a satisfazer necessidades permanentes de escolas que, por imposição política, têm os seus quadros subdimensionados e um corpo docente em que todos os que têm até 30 anos de serviço ou mesmo mais um pouco está condenado a ficar no escalão intermédio da carreira se não lutar contra estes roubos do tempo de serviço, sendo vítima de uma desvalorização fortíssima".
"Para os professores, a recuperação de todo o tempo de serviço - nove anos, quatro meses e dois dias - é exigência de que nunca abdicaremos, é exigência de que nunca abdicarão", frisou, explicando que "os professores não abdicarão desse tempo de serviço contabilizado na totalidade porque esse tempo é seu, porque é justo e porque não admitem ser descriminados e porque é aquilo que decorre da lei e deve ser aplicado".
Já esta tarde, admitiu aos jornalistas que caso os professores não fiquem agradados com a decisão que for tomada na Assembleia da República, no dia 16 de abril, estarão a ponderar fazer "greve às avaliações do final de ano".
Este sábado os professores desceram desde a Praça Marquês de Pombal até à Praça do Comércio, onde se concentraram numa demonstração de força ao Governo para exigirem a contagem completa do tempo de serviço.
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