"Tenho sobre essa matéria uma posição muito pessoal, ao longo da minha vida política e também agora no exercício da presidência, que é o entender que família de Presidente não é Presidente. E portanto nisso peco por excesso, no sentido de entender que deve haver uma visão, sobretudo num órgão unipessoal como é o Presidente, mas tem marcado a minha vida, que é de não confundir as duas realidades", referiu.
Em relação ao atual Governo, Marcelo disse que se limitou a aceitar a designação feita pelo Presidente Cavaco Silva, "que foi a de nomear quatro membros do Governo com relações familiares, todos com assento no Conselho de Ministros".
Marcelo disse ter aceitado essa solução "partindo do princípio de que o Presidente Cavaco Silva, ao nomear aqueles governantes, tinha ponderado a qualidade das carreiras e o mérito para o exercício das funções".
"Depois disso, não nomeei nenhum outro membro com relações familiares para o exercício de funções no executivo e com assento no Conselho de Ministros", salientou ainda o chefe de Estado.
O Presidente falava em Guimarães, à margem da entrega do prémio mundial de inovação em engenharia de pontes "BERD--FEUP Wibe", atribuído a um grupo de autores da Universidade de Queensland, na Austrália.
O prémio foi atribuído a um trabalho de investigação e desenvolvimento com o objetivo de desenvolver um sistema de pontes inovador que permitirá uma construção sustentável e rápida.
O novo sistema consiste num tubo exterior de polímero reforçado com fibra, num tubo interior de aço e num preenchimento com uma camada de betão entre os dois tubos.
A ocasião sublinhou a importância do prémio e aproveitou para destacar a importância de "fazer pontes".
"Fazer pontes em todo o sentido", acrescentou.
A cerimónia decorreu no Paço dos Duques, a residência oficial do Presidente da República no norte de Portugal.
À chegada, Marcelo foi recebido por uma manifestação "amiga" de motoristas de transportes de passageiros, que se queixaram dos baixos salários.
"Feitas as contas ao que recebemos e às horas que trabalhamos, estamos a ganhar abaixo do salário mínimo", disse o sindicalista Filipe Azevedo, sublinhando que, no mínimo, o salário deveria ser de 700 euros.
Os motoristas pediram a intervenção do "Marcelo amigo" e este prometeu que iria saber junto do Ministério do Trabalho o ponto da situação, acabando por ser brindado com uma salva de palmas.