A Animal lançou uma petição pública a exigir que as touradas deixem de ser financiadas por dinheiros públicos quando muitos portugueses “estão numa situação de desemprego, precariedade e até mesmo fome, incluindo crianças e idosos que não têm apoios sequer para as necessidades básicas”.
A acompanhar a petição, que foi assinada até ao momento por mais de 22.500 pessoas, encontram-se documentos de autarquias que “demonstram que a tauromaquia continua a beneficiar de dinheiros do erário público, pese embora a constante negação por parte da indústria”.
“Anualmente, muitos órgãos do poder local oferecem (direta e indiretamente) subsídios para eventos tauromáquicos”, garante a Animal, acusando a “maioria dos concelhos que disponibiliza dinheiro para eventos tauromáquicos de não dispor sequer de um gabinete de apoio à vítima”.
Tendo reunido as assinaturas e os documentos referentes aos apoios públicos recebidos pelo setor tauromáquico, a presidente da Animal vai entregar, amanhã, ao vice-presidente da Assembleia da República, as assinaturas e os documentos reunidos, bem como a proposta de lei com vista à proibição do financiamento público deste setor.
“Esta absoluta indecência que é o apoio público a uma atividade cruel e decrépita tem que acabar. É cada vez mais óbvio que o grande pilar que ainda sustenta esta infeliz indústria é o dinheiro público, venha ele de onde vier, e, acreditamos, que ‘fechando essa torneira’, será o princípio de um grande efeito dominó”, frisa Rita Silva.
ProToiro acusa Animal de mostrar “dados erróneos e enviesados”
Depois de a Animal ter feito saber que se prepara para ir, esta quarta-feira, ao Parlamento entregar o projeto-lei que resulta da petição contra o fim do financiamento público às touradas, o porta-voz da ProToiro mostra-se indignado com os dados que foram tornados públicos pela associação de defesa dos animais.
“São dados erróneos e enviesados”, diz o porta-voz da Protoiro – Federação Portuguesa de Tauromaquia, ao Notícias ao Minuto.
Referindo-se aos documentos apresentados pela Animal, Hélder Milheiro dá “dois exemplos” de como os dados em causa “não correspondem à verdade”.
No que diz respeito a Estremoz, o responsável explica que a recuperação da praça de touros se incluiu no projeto de recuperação de toda a zona da muralha, razão pela qual os valores apresentados incluem também as obras levadas a cabo nos arruamentos e na própria muralha da cidade.
Outro exemplo, aponta Hélder Milheiro, é o de Évora, onde a praça de touros foi convertida num “pavilhão multiusos que também permite touradas”.
“Ou seja, o dinheiro aqui investido não é só para a realização de touradas, porque o pavilhão é multiusos e recebe os mais diversos eventos”, refere, sublinhando que a tauromaquia “não vive às custas do erário público”.
“Existem alguns apoios municipais, sim, mas são muito reduzidos, são valores ridículos e irrisórios”, garante, destacando ainda o efeito “positivo” que os eventos tauromáquicos têm na economia nacional.
Por fim, Hélder Milheiro não se mostra preocupado com a ida da Animal amanhã ao Parlamento, por considerar que se trata de um “projeto condenado à partida” porque, por um lado, a tauromaquia é um ato cultural consagrado na Constituição da República e, por outro, projeto semelhante já foi discutido na Assembleia e acabou por ser chumbado.
“É ilegal [não apoiar a tauromaquia] e os partidos sabem isso”, remata.