"Por uma questão de segurança, a praia será pontualmente confinada numa dimensão como aquela que é aqui vista", garantiu a secretária de Estado do Ordenamento do Território e Conservação da Natureza, Célia Ramos, em declarações aos jornalistas na praia da Saúde.
Esta é a primeira de dez praias que serão alimentadas artificialmente com areia durante dois meses, levando ao encerramento de certas zonas de forma rotativa, na Costa de Caparica, em Almada, no distrito de Setúbal.
Segundo a governante, a obra terá "um impacto muito significativo na proteção de todo o sistema urbano de proteção de pessoas e bens", além do "alargamento das áreas de praia para fruição por parte das populações".
Vários foram os banhistas que hoje tiveram curiosidade pela intervenção, concentrando-se perto da área interdita a observar os trabalhos de deposição de areia e modelação do terreno.
"Foi programado para maio, mas o Estado é sempre assim leva sempre muito tempo. Mais vale tarde do que nunca porque há muitas marés vivas, há espaços que no inverno perdem ainda mais areia e assim estão a compensar. Acho bem a intervenção", disse à Lusa o utente Hernâni Teixeira, de 59 anos.
Em frente à zona intervencionada situa-se o concessionário Chapéu de Palha e o seu gerente, Emanuel, de 20 anos, também não se mostrou preocupado com o impacto no negócio e afirmou mesmo que esta é uma obra necessária.
"Acho que são normas necessárias para o bem-estar da praia e as pessoas necessitam de estar à vontade, mas sem estas intervenções não estão. E está à vista de todos que a praia não está em bom estado. Agora vai ficar e futuramente, nos próximos verões já vamos ter uma praia melhor", defendeu.
Segundo o responsável, neste primeiro dia não houve qualquer redução no número de clientes uma vez que a área afetada é curta, não impedindo o acesso total à praia e que "os clientes habituais vêm sempre tendo ou não intervenções na praia".
Já a utente Ilda, de 67 anos, também concordou com a importância desta obra, mas criticou "a altura em que é, em pleno agosto", uma vez que as pessoas "querem usufruir da praia e não estão à vontade".
No entanto, como explicou hoje o vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), José Pimenta Machado, durante a assinatura do auto de consignação da obra, no Posto de Turismo da Costa de Caparica, os trabalhos estão a ser efetuados durante a época balnear porque "é a altura do ano em que o mar oferece condições".
"A nossa janela de tempo para trabalhar no litoral é sempre curta porque temos sempre duas dificuldades: o mar agitado que limita a nossa intervenção e a questão da época balnear, mas temos que compaginar isto tudo", esclareceu.
Segundo o responsável, a zona litoral de Almada "está no 'top' cinco das áreas da orla costeira de Portugal continental que está mais exposta ao risco de erosão costeira", adiantando que "entre 1950 e 2007 o mar avançou mais de 150 metros" sobre esta zona.
Até 26 de agosto, estarão em intervenção as praias da Saúde e Nova, seguindo-se para norte, terminando na praia de São João, a 12 de outubro, sendo possível consultar todas as datas na página da APA (https://apambiente.pt/).
São mais de um milhão de metros cúbicos de areia que serão distribuídos por dez zonas balneares, aproveitando as areias retiradas do Canal da Barra Sul, na entrada do estuário do Tejo.
A empreitada é realizada em parceria com a Administração do Porto de Lisboa e tem um investimento total na ordem dos 5,8 milhões de euros, sendo financiada por fundos comunitários do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).
O protocolo de cooperação técnica e financeira entre as duas entidades foi celebrado em 21 de dezembro de 2018.