O hacker português Rui Pinto está acusado de um total de 147 crimes.
Em comunicado enviado às redações, a Procuradoria-Geral da República revela que o jovem é o “principal arguido” da operação Cyberduna e que sobre ele pende a acusação de um crime de extorsão na forma tentada, 75 crimes de acesso ilegítimo, um crime de sabotagem informática e 70 crimes de violação de correspondência, sendo destes sete na forma agravada.
Segundo a acusação do Ministério Público, “a partir de do início do ano de 2015 e até 16 de janeiro de 2019, [Rui Pinto] muniu-se de conhecimentos técnicos e de equipamentos adequados que lhe permitiram aceder, de forma não autorizada, a sistemas informáticos e a caixas de correio eletrónico de terceiros”.
Os crimes foram cometidos com recurso à instalação de "diversos programas informáticos e ferramentas digitais" nos equipamentos de Rui Pinto que lhe "permitiam, assim, entrar nos mencionados sistemas informáticos e caixas de correio de terceiros e daí retirar conteúdos".
O comunicado da PGR revela também que em “setembro de 2015, o arguido criou um sítio na internet denominado ‘Football Leaks’ cujo conteúdo foi sendo alimentado com recurso a documentos obtidos através da já referida intromissão não autorizada em sistemas informáticos de diversas entidades nacionais e internacionais”.
Os visados por estes ataques informáticos foram o “Sporting Clube de Portugal, a Federação Portuguesa de Futebol, a sociedade de advogados PLMJ e a Procuradoria-Geral da República”, bem como a “Doyen Sports tendo depois, e assumindo uma identidade fictícia, entrado em contacto com o representante legal daquele fundo de investimento dizendo que pretendia uma quantia entre 500 mil e 1 milhão de euros para que toda a informação que tinha na sua posse fosse eliminada de seguida”.
É então neste momento que surge um advogado que é o segundo arguido deste processo. O causídico foi contactado por Rui Pinto que lhe propôs que “colaborasse nos contactos com a Doyen, tendo este apoiado o plano e encetado diligências no sentido da obtenção de um acordo, o qual acabou por não acontecer”
“O Ministério Público recolheu indícios de que o arguido, para além dos acessos indevidos às entidades e caixas de correio objeto da acusação, acedeu igualmente a sistemas informáticos e caixas de correio de muitas outras entidades, públicas e privadas”, refere a PGR.
Rui Pinto, recorde-se, encontra-se em prisão preventiva. Já ao segundo arguido foi aplicada a medida de coação mais leve - termo de identidade e residência.