Tolentino Mendonça já é cardeal

Português torna-se assim no sexto cardeal português deste século e no 46.º da História.

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Natacha Nunes Costa com Lusa
05/10/2019 15:36 ‧ 05/10/2019 por Natacha Nunes Costa com Lusa

País

Tolentino Mendonça

O madeirense Tolentino Mendonça já recebeu as insígnias de cardeal, tornando-se assim no sexto cardeal português deste século e no 46.º da História.

A cerimónia de nomeação está a decorrer, na tarde deste sábado, no Vaticano e é presidida pelo Papa Francisco, na qual se destaca o juramento de fidelidade e obediência ao chefe da Igreja Católica.

Este que é o sexto consistório ordinário público do pontificado de Francisco começou às 16h00 locais (menos uma hora em Lisboa), com uma saudação dos novos cardeais ao Papa, seguindo-se uma oração e a leitura do Evangelho.

Meia hora depois de ter começado, Tolentino Mendonça, que é o responsável pelo Arquivo Secreto e Biblioteca Apostólica do Vaticano, foi nomeado cardeal. Foi o segundo de uma lista de 10 cardeais eleitores a ser criado cardeal.

Tolentino Mendonça, a quem foi atribuída a igreja de São Jerónimo da Caridade, em Roma, passará a usar agora as habituais vestes, cuja cor vermelha distingue os cardeais. Outros três símbolos, além do solidéu vermelho e da cruz peitoral, distinguem um cardeal e que são entregues pelo Papa: o barrete vermelho, o anel e a bula.

Na celebração, segue-se a imposição do barrete cardinalício aos novos cardeais, que simboliza a prontidão para agir com coragem, até com derramamento de sangue, para a defesa da fé cristã, para a paz e tranquilidade dos cristãos, e para a liberdade e crescimento da Igreja Católica.

Já o anel é expressão de uma união mais forte entre o cardeal e a Igreja.

A cada cardeal é ainda entregue a bula de nomeação e atribuída a titularidade de uma igreja de Roma, que reforça a estreita união que os cardeais possuem com o Papa.

A cerimónia termina com o chamado abraço da paz de Francisco.

De Manchico ao Vaticano

Natural de Machico, Madeira, o futuro cardeal, poeta e estudioso da Bíblia, entrou no seminário aos 11 anos. Doutorado em Teologia Bíblica e antigo vice-reitor da UCP, é um nome de destaque da poesia portuguesa contemporânea, tendo já recebido vários prémios.

Tolentino Mendonça, de 53 anos, foi um dos 13 novos cardeais anunciados pelo papa Francisco em 01 de setembro.

À cerimónia de investidura estão a assistir dezenas de portugueses, incluindo a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, em representação do Governo português, e o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, cancelou a deslocação a Roma devido à morte do fundador do CDS Freitas do Amaral, cujo funeral se realizou hoje, dia de luto nacional.

Juntamente com Tolentino Mendonça são também investidos um total de 13 cardeais, três não eleitores.

Na lista estão Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha, Itália, da Comunidade de Sant'Egídio, um dos quatro mediadores do acordo de paz de 1992 em Moçambique, e Jean-Claude Höllerich, arcebispo do Luxemburgo, onde residem 95 mil portugueses, que são 15% da população do país.

Um dos cardeais não eleitores, por ter ultrapassado os 80 anos, é Eugenio Dal Corso, arcebispo emérito de Benguela, Angola.

Antes de entregar o barrete cardinalício e o anel, o papa criticou o "hábito da indiferença" e pediu aos novos cardeais compaixão, que definiu como "requisito essencial".

"A disponibilidade de um purpurado para dar o seu próprio sangue - significado na cor vermelha das suas vestes - é certa, quando está enraizada nesta consciência de ter recebido compaixão e na capacidade de ter compaixão. Caso contrário, não se pode ser leal", afirmou Francisco.

O líder da Igreja Católica disse ainda que "muitos comportamentos desleais de homens da Igreja dependem da falta deste sentimento da compaixão recebida e do hábito de passar ao largo, do hábito da indiferença".

Tolentino Mendonça junta-se ao cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e ao bispo da Diocese de Leiria-Fátima, António Marto, como cardeais eleitores - e também podem ser eleitos - num futuro conclave para escolher o sucessor de Francisco, de 82 anos.

No Colégio Cardinalício, que tem por missão apoiar o papa, estão mais dois portugueses que, por terem mais de 80 anos, não participam no conclave: Monteiro de Castro, de 81 anos, que foi penitenciário-mor da Santa Sé e teve uma vasta experiência diplomática ao serviço do Vaticano.

Já Saraiva Martins, de 87 anos, foi secretário da Congregação para a Educação Católica e depois prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Foi criado cardeal por João Paulo II (1920-2005), no mesmo dia do ex-cardeal-patriarca de Lisboa José Policarpo (1936-2014).

 Leia Também: De Machico ao Vaticano, D. Tolentino Mendonça deixa rasto de brilhantismo

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