"É evidente que nós vemos esta situação com preocupação. Até porque não é uma situação que se resolva apenas com o facto de se poder abrir mais candidaturas ou por falta de verba. É um problema mais estrutural. A realidade é que saíram 13 médicos pediatras do público para o privado, abriram-se sete vagas para o hospital e não foi possível contratar ninguém", disse a autarca.
Em declarações à Lusa, a autarca referiu ser necessário perceber por que é que os concursos de recrutamento de médicos para o Garcia de Orta têm ficado vazios, sem candidatos, e sublinhou ter sido informada que estão a ser estudadas soluções, uma das quais pode passar por um sistema de rotatividade metropolitana.
"Temos estado em colaboração com a administração do Hospital Garcia de Orta e estamos nesta fase ainda de nomeação do Governo, mas, assim que houver uma estabilização do Governo, iremos provavelmente pedir uma audiência ao Ministério da Saúde para perceber exatamente o que é que se está a fazer", afirmou.
"A médio/curto prazo é evidente que é preciso arranjar uma solução. Tanto quanto me é dado saber, estão a ser estudadas possibilidades de uma resposta ao nível metropolitano, ou com rotatividade de serviços de urgência ou outras possibilidades", acrescentou.
O Hospital Garcia de Orta informou na segunda-feira que a urgência do serviço de pediatria encerraria durante a noite e madrugada, até às 8h30 da manhã de hoje, por "insuficiência de médicos pediatras para cumprir a escala noturna".
Este cenário já tinha acontecido na noite de sábado e na madrugada de domingo.
A falta de pediatras neste hospital já se arrasta há mais de um ano, quando saíram 13 profissionais do serviço, sendo que o lançamento de concursos também não foi suficiente para colmatar a carência porque "ninguém concorreu", segundo o Sindicato dos Médicos da Zona Sul.
Numa carta enviada ao bastonário dos Médicos no início deste mês, a que a Lusa teve acesso, os pediatras deste hospital pediram a intervenção urgente da Ordem na situação do serviço de urgência pediátrica por considerarem que não há condições mínimas de segurança para os doentes em vários momentos.