Cerca de 40% dos hospitais têm ruturas nos medicamentos todos os dias

Quase 40% dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) indicam ter diariamente ruturas no fornecimento de medicamentos e outros 30% afirmam que as ruturas ocorrem semanalmente, segundo um estudo que é hoje apresentado.

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Lusa
15/11/2019 06:00 ‧ 15/11/2019 por Lusa

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Hospital

Promovido pela Ordem dos Farmacêuticos, Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares e pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, o estudo sobre acesso ao medicamento hospitalar foi feito com base em questionários que foram respondidos em outubro por metade das unidades do SNS.

Os preços "excessivamente baixos dos medicamentos genéricos" são a causa mais importante identificada pelos hospitais para as ruturas de fornecimento. Estas ruturas são muitas vezes resolvidas com recurso à importação do medicamento.

Os dados do estudo mostram que 39,1% dos hospitais têm ruturas no fornecimento de medicamentos de uso hospitalar todos os dias, 30,4% dizem que ocorre semanalmente e outros 30% que as ruturas são mensais.

As ruturas no fornecimento de medicamentos de uso hospitalar são consideradas pela totalidade dos hospitais como um "problema grave". Para 26% dos inquiridos é um problema grave que afeta todos os medicamentos, para 30% afeta essencialmente os fármacos que têm genéricos e para 44% é grave, mas apenas nalguns medicamentos.

O 'Índex Nacional do Acesso ao Medicamento Hospitalar' avaliou ainda os maiores desafios na introdução de fármacos inovadores.

Mais de 60% consideram o processo para introdução de medicamentos inovadores como complexo, 52% apontam como problema a falta de recursos humanos, mas quase todos os hospitais entendem que o acesso a novas terapêuticas vai permitir melhores resultados clínicos e melhor qualidade de vida para os doentes.

Maioria dos hospitais aponta barreiras na compra de medicamentos

A larga maioria dos hospitais portugueses considera que o processo de compra de medicamentos nunca é desencadeado atempadamente, apontando a carga administrativa e a falta de recursos humanos como principais problemas.

A "ineficiência dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS)" e a falta de autorizações financeiras são outros dos fatores identificados como barreiras, apesar de terem menor peso do que a carga administrativa dos processos.

A "falta de eficácia" dos SPMS é ainda apontada por 48% dos hospitais como sendo uma condição objetiva das mais relevantes que "restringe a aquisição de medicamentos".

Doentes devem poder levantar medicamentos hospitalares nas farmácias

A Associação dos Administradores Hospitalares propõe ainda que os hospitais do SNS criem parcerias com centros de saúde e farmácias para permitir aos doentes levantar os medicamentos de uso hospitalar mais próximo de sua casa.

"Não faz sentido que um doente de Bragança, seguido no São João, por exemplo, tenha de ir ao Porto levantar um medicamento. Faz sentido que os hospitais tenham parcerias em outras unidades do Serviço Nacional de Saúde, sejam outros hospitais ou centros de saúde, bem como com farmácias, mais perto da casa das pessoas", defendeu o presidente da Associação, Alexandre Lourenço, em declarações à agência Lusa.

O representante dos administradores hospitalares sugere que se generalize a prática de colocar medicamentos de uso hospitalar mais próximo dos doentes de forma a "melhorar a adesão terapêutica" e como "estratégia de proximidade".

"Sem isso, estamos a criar uma barreira. Há pessoas que têm de faltar ao trabalho. Ou há doentes com esclerose múltipla que não podem conduzir", exemplificou.

 

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