Meteorologia

  • 16 NOVEMBER 2024
Tempo
18º
MIN 14º MÁX 22º

Farmácias hospitalares do SNS estão "em cuidados paliativos"

Os serviços farmacêuticos dos hospitais do SNS vivem atualmente em situação de "cuidados paliativos", descreve a bastonária da Ordem, que lembra a insuficiência de profissionais e a dificuldade de manter as farmácias hospitalares a funcionar em pleno.

Farmácias hospitalares do SNS estão "em cuidados paliativos"
Notícias ao Minuto

14:38 - 19/12/19 por Lusa

País Ordem dos Farmacêuticos

A bastonária Ana Paula Martins indica que faltam nas farmácias hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS) cerca de 150 farmacêuticos, responsáveis por exemplo pela preparação de toda a medicação necessária a doentes internados ou em tratamento.

A responsável admite que houve algumas contratações para os serviços farmacêuticos com a passagem das 40 para as 35 horas de trabalho semanais.

"Mas na verdade são autênticos cuidados paliativos para conseguir manter os serviços a funcionar com as valências necessárias", afirmou à agência Lusa, recordando que há serviços farmacêuticos de hospitais públicos que já tiveram de encerrar no período noturno.

Ana Paula Martins diz que a situação está até pior do que "durante o período da 'troika'": "Desde aí, o nosso caso, nós piorámos".

"[Há serviços que] estão em cuidados paliativos, sim. Temos hospitais hoje onde a urgência noturna [da farmácia hospitalar] já fechou", indicou.

A bastonária sublinha que as farmácias hospitalares do SNS vivem "na linha vermelha", com insuficiência de recursos para assegurar um adequado funcionamento e questiona como é que hospitais com serviços farmacêuticos encerrados conseguem assegurar uma medicação não programada e urgente durante a noite, por exemplo.

"Durante a noite, quando um médico precisa de uma medicação não programada, como fazem os hospitais? Como se garante então a segurança e se garante que um medicamento não é trocado por outro?", interrogou-se Ana Paula Martins.

A Ordem dos Farmacêuticos apelou hoje a uma "rápida intervenção" do primeiro-ministro e da ministra da Saúde na regulamentação da carreira farmacêutica, em falta há dois anos e que impede a contratação de profissionais para os hospitais.

Uma resolução aprovada na Assembleia Geral da Ordem dos Farmacêuticos na quarta-feira, e a que a Lusa hoje teve acesso, manifesta a "enorme preocupação" pelos atrasos na regulamentação do acesso à carreira farmacêutica, que ultrapassou o prazo definido em mais de 660 dias.

"A classe farmacêutica está muito indignada (...) Isto é de uma enorme gravidade. Vemos isto com um grande desagrado", resumiu a bastonária dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins, em declarações à Lusa.

Na resolução, os farmacêuticos lembram que sem a carreira regulamentada é "quase impossível colmatar as graves carências de recursos humanos em muitos serviços farmacêuticos hospitalares do país".

"Sem a regulamentação da carreira farmacêutica, os serviços farmacêuticos hospitalares continuarão impedidos de contratar novos recursos. (...) Os inevitáveis constrangimentos ao funcionamento das farmácias hospitalares vão sendo combatidos, até à exaustão, por profissionais de elevada dedicação e sentido de responsabilidade, que não descuram esforços para que os utentes não sofram consequências de decisões que não são suas", refere a direção da Ordem dos Farmacêuticos.

A carreira farmacêutica foi instituída em agosto de 2017, mas é necessário um diploma que a regulamente e que permita assim a entrada de farmacêuticos nos hospitais públicos ao abrigo da nova carreira, iniciando o seu percurso profissional e formativo pós-graduado.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório