"A única maneira de travar aquilo que pode ser considerado como uma perturbação anómala, excecional da estabilidade política", tal como considera ser o caso dos ataques armados no Norte, "a única maneira é contrapor a isso desenvolvimento", referiu, depois de apelar aos empresários para investir em Moçambique.
Os investidores que "durante muito tempo esperaram para ver a pacificação e a entrada de um novo ciclo" têm agora esses sinais visíveis, considerou Marcelo, defendendo que "devem ponderar agora seriamente sobre a necessidade de avançarem e investirem".
O Presidente português considera que Moçambique está afazer um "esforço" de pacificação, de que é prova o recente acordo de paz entre Governo e Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), assinado em 06 de agosto do ano passado.
A outros problemas, nomeadamente aos ataques na província de Cabo Delgado, classifica-os como "um problema que Moçambique está a gerir e que tem a ver com a estabilização na parte Norte do território".
Um problema "mais complexo, até porque tem contornos internacionais, porventura, e não apenas nacionais, mas evidentemente não é razão para não se investir", referiu o chefe de Estado português.
Ataques armados na província de Cabo Delgado eclodiram em 2017 protagonizados por residentes, frequentadores de mesquitas consideradas "radicalizadas" por estrangeiros, segundo líderes islâmicos locais com os quais criaram atritos nos anos anteriores.
Nunca houve uma reivindicação da autoria dos ataques, com exceção para comunicados do grupo 'jihadista' Estado Islâmico, que desde junho tem vindo a chamar a si alguns deles, com alegadas fotos das ações, mas cuja presença no terreno especialistas e autoridades consideram pouco credível.
Os ataques já provocaram pelo menos 350 mortos, além de deixar cerca de 60.000 afetados ou obrigados a abandonar as suas terras e locais de residência, de acordo com a mais recente revisão do plano global de ajuda humanitária das Nações Unidas.
A província de Cabo Delgado é aquela onde avançam as obras dos megaprojetos que daqui a quatro anos vão colocar Moçambique no 'top 10' dos produtores mundiais de gás natural e que onde há algumas empresas e trabalhadores portugueses entre as dezenas de empreiteiros contratados pelos consórcios de petrolíferas.