Tal como prometido, foi realizada durante a tarde desta segunda-feira uma conferência de imprensa pelo Ministério da Saúde para dar conta da evolução do estado clínico diário do grupo de portugueses repatriados da China, que chegou este domingo a Portugal devido ao surto do novo coronavírus.
Em direto para as televisões nacionais, a ministra da Saúde, Marta Temido revelou que todas "as pessoas se encontram bem", recordando que quatro estão instaladas no Parque da Saúde e as restantes no Hospital Pulido Valente.
Contudo, a governante admitiu que há "aspetos de conforto a ser melhorados", tais como materais de apoio para que este isolamento "seja o mais confortável possível". Para tal, o grupo em quarentena - 18 portugueses e dois brasileiros - irá ter "livros, jornais e internet".
"Sabemos que as nossas instalações não são instalações hoteleiras", sustentou a ministra.
Também presente na conferência de imprensa esteve a diretora-geral de Saúde, Graças Freitas, que quis reforçar as palavras da ministra, sublinhando que apesar de o "ambiente ser tranquilo", este grupo de portugueses teve esta segunda-feira "um dia de ajustes a uma nova realidade".
Recordando o "cansaço" e "stress" a que foram submetidos estes cidadãos, a responsável informou também que esta segunda-feira as autoridades tentaram "ser o menos intrusivas possíveis porque há que respeitar o descanso destas pessoas".
Para além dos resultados negativos da presença do coronavírus, Graça Freitas frisou que "nenhum dos portugueses apresenta, inclusive, sintomas relacionados" com o novo vírus.
Questionada pelos jornalistas, Marta temido ainda explicou que foram tomadas todas as medidas de precaução (para a tripulação) na viagem de avião de regresso dos passageiros a Portugal (e de outros cidadãos europeus no mesmo avião).
O futuro da quarentena
As 20 pessoas estão em quarentena por opção, já que legalmente não são obrigadas, mas a ministra da Saúde disse, questionada sobre o caso de no futuro alguém se recusar à quarentena, que há meios legais para a impor.
Se houver necessidade "a lei permite proceder à separação de pessoas que não estando doentes podem constituir um risco", disse a ministra, acrescentando: "há mecanismos que utilizaremos se assim for necessário".
Graça Freitas explicou também que no caso de alguém do grupo de quarentena ter a doença pode acontecer que os restantes, se estiveram em contacto com essa pessoa, tenham de recomeçar a quarentena.
A diretora geral da Saúde admitiu também que os meios previstos para fazer face ao vírus podem aumentar, quer a nível de laboratórios quer de hospitais, o que foi corroborado pelo presidente do Instituto Nacional de Saúde, Fernando Almeida, dizendo que há no país, incluindo ilhas, uma rede de 20 laboratórios que trabalham com o Instituto e que podem fazer as análises.
Ainda nas respostas a perguntas dos jornalistas, nomeadamente sobre a proteção de profissionais que lidem com eventuais casos, a ministra disse que está a ser feita uma avaliação detalhada sobre a assistência aos dois casos em Portugal suspeitos (que se revelaram negativos depois), disse que vai haver um investimento "em mais melhorias" e garantiu que estão disponibilizadas batas, luvas e máscaras para todos os que necessitem.
Número de casos continua a aumentar
Recorde-se que o novo coronavírus já provocou 362 mortos e infetou mais de 14 mil pessoas desde o passado mês de dezembro, quando surgiu em Wuhan, capital da província de Hubei, na China.
As Filipinas anunciaram este domingo a morte de um cidadão de nacionalidade chinesa, vítima de uma pneumonia causada pelo coronavírus, e a primeira vítima fatal fora da China.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais casos de infeção confirmados em 24 outros países, com as novas notificações na Rússia, Suécia e Espanha.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional (PHEIC, na sigla inglesa) por causa do surto do novo coronavírus na China.