Portugueses terão "livros, jornais e internet" durante a quarentena

Nenhum membro do grupo de cidadãos portugueses que chegou este domingo a Portugal acusou positivo nas análises de despiste do coronavírus.

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Mafalda Tello Silva
03/02/2020 18:23 ‧ 03/02/2020 por Mafalda Tello Silva

País

Coronavírus

Tal como prometido, foi realizada durante a tarde desta segunda-feira uma conferência de imprensa pelo Ministério da Saúde para dar conta da evolução do estado clínico diário do grupo de portugueses repatriados da China, que chegou este domingo a Portugal devido ao surto do novo coronavírus

Em direto para as televisões nacionais, a ministra da Saúde, Marta Temido revelou que todas "as pessoas se encontram bem", recordando que quatro estão instaladas no Parque da Saúde e as restantes no Hospital Pulido Valente. 

Contudo, a governante admitiu que há "aspetos de conforto a ser melhorados", tais como materais de apoio para que este isolamento "seja o mais confortável possível". Para tal, o grupo em quarentena -  18 portugueses e dois brasileiros - irá ter "livros, jornais e internet". 

"Sabemos que as nossas instalações não são instalações hoteleiras", sustentou a ministra.

Também presente na conferência de imprensa esteve a diretora-geral de Saúde, Graças Freitas, que quis reforçar as palavras da ministra, sublinhando que apesar de o "ambiente ser tranquilo", este grupo de portugueses teve esta segunda-feira "um dia de ajustes a uma nova realidade"

Recordando o "cansaço" e "stress" a que foram submetidos estes cidadãos, a responsável informou também que esta segunda-feira as autoridades tentaram "ser o menos intrusivas possíveis porque há que respeitar o descanso destas pessoas".  

Para além dos resultados negativos da presença do coronavírus, Graça Freitas frisou que "nenhum dos portugueses apresenta, inclusive, sintomas relacionados" com o novo vírus. 

Questionada pelos jornalistas, Marta temido ainda explicou que foram tomadas todas as medidas de precaução (para a tripulação) na viagem de avião de regresso dos passageiros a Portugal (e de outros cidadãos europeus no mesmo avião).

O futuro da quarentena

As 20 pessoas estão em quarentena por opção, já que legalmente não são obrigadas, mas a ministra da Saúde disse, questionada sobre o caso de no futuro alguém se recusar à quarentena, que há meios legais para a impor.

Se houver necessidade "a lei permite proceder à separação de pessoas que não estando doentes podem constituir um risco", disse a ministra, acrescentando: "há mecanismos que utilizaremos se assim for necessário".

Graça Freitas explicou também que no caso de alguém do grupo de quarentena ter a doença pode acontecer que os restantes, se estiveram em contacto com essa pessoa, tenham de recomeçar a quarentena.

diretora geral da Saúde admitiu também que os meios previstos para fazer face ao vírus podem aumentar, quer a nível de laboratórios quer de hospitais, o que foi corroborado pelo presidente do Instituto Nacional de Saúde, Fernando Almeida, dizendo que há no país, incluindo ilhas, uma rede de 20 laboratórios que trabalham com o Instituto e que podem fazer as análises.

Ainda nas respostas a perguntas dos jornalistas, nomeadamente sobre a proteção de profissionais que lidem com eventuais casos, a ministra disse que está a ser feita uma avaliação detalhada sobre a assistência aos dois casos em Portugal suspeitos (que se revelaram negativos depois), disse que vai haver um investimento "em mais melhorias" e garantiu que estão disponibilizadas batas, luvas e máscaras para todos os que necessitem.

Número de casos continua a aumentar 

Recorde-se que o novo coronavírus já provocou 362 mortos e infetou mais de 14 mil pessoas desde o passado mês de dezembro, quando surgiu em Wuhan, capital da província de Hubei, na China.

As Filipinas anunciaram este domingo a morte de um cidadão de nacionalidade chinesa, vítima de uma pneumonia causada pelo coronavírus, e a primeira vítima fatal fora da China.

Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais casos de infeção confirmados em 24 outros países, com as novas notificações na Rússia, Suécia e Espanha.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional (PHEIC, na sigla inglesa) por causa do surto do novo coronavírus na China.

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