Funchal: Ex-governante alerta para número de restaurantes na "zona velha"
O antigo secretário regional do Turismo e Cultura da Madeira, João Carlos Abreu, alertou hoje para a proliferação de restaurantes na "zona velha" do Funchal e realçou a importância de serem criadas condições para manter os residentes naquela área.
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País Madeira
"A 'zona velha' tem de ter gente lá dentro, temos de recuperar aquelas casas", disse o antigo governante, durante um debate específico na Assembleia Municipal do Funchal, para o qual foi convidado, sobre o tema "Deveres de preservação e defesa da Zona Velha da cidade do Funchal", requerido pela CDU.
João Carlos Abreu exerceu o cargo de secretário regional entre 1985 e 2007, em governos do PSD liderados por Alberto João Jardim, tendo sido um dos principais impulsionadores da dinamização e recuperação daquele núcleo histórico, localizado na zona leste da baixa funchalense, na freguesia de Santa Maria Maior.
A "zona velha" do Funchal registou uma grande transformação, sobretudo na última década, passando de área degradada e socialmente problemática para ponto de grande interesse turístico e comercial.
"Cheguei aos 85 anos e vejo que, finalmente, há interesse pela 'zona velha'", disse João Carlos Abreu, apelando aos moradores para defenderem os seus interesses e alertando para a "proliferação" de restaurantes.
"A ideia inicial não era esta. A ideia inicial era fazer [daquela área] uma espécie de museu vivo, aberto", explicou.
A "zona velha" engloba a Rua de Santa Maria e a área circundante, num total de 170 habitações e 450 moradores, sendo que a CDU, ao requerer este debate específico, pretendeu abordar um "conjunto de problemas que se agravam" na área.
A deputada comunista Herlanda Amado destacou o "abandono de espaços públicos", vincando como exemplos de "desleixo e negligência" a capela do Corpo Santo e o espaço para exposições, no Largo do Corpo Santo, que se encontram encerrados, bem como o fecho da única oficina de restauro de mobiliário antigo no Centro Histórico do Funchal.
A CDU adverte também para algumas "dinâmicas de retrocesso", que contrariam as recomendações do Conselho Cultural do Conselho da Europa para as zonas classificadas como de valor arquitetónico e cultural.
A "zona velha" do Funchal está classificada como "conjunto arquitetónico de valor regional" desde 1986.
A autarquia, liderada pela coligação Confiança (PS/BE/PDR/Nós, Cidadãos!), focou, por seu lado, as estratégias de reabilitação urbana em curso ou previstas para a área, no âmbito do Plano Diretor Municipal.
Um dos projetos visa a compra de prédios para fins de "habitação jovem", mas, segundo explicou Cristina Pereira, diretora do Departamento de Ordenamento do Território, o processo encontra-se agora suspendo devido ao chumbo do orçamento da Câmara para 2020 em Assembleia Municipal.
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