João Pedro Matos Fernandes falava em Águeda, que conjuntamente com o município vizinho de Oliveira do Bairro, no distrito de Aveiro, avançaram com a empreitada, financiada pelo Fundo Ambiental.
"São 10 quilómetros de mil que estamos a fazer pelo país fora e isso aconteceu depois dos incêndios de 2017, em que começámos por intervir nos concelhos atingidos, reabilitando toda a rede hidrográfica, que é também uma excelente linha corta fogo", disse o ministro.
Na recuperação do Cértima, segundo Matos Fernandes, juntou-se "um triângulo virtuoso" de fatores: a maior disponibilidade e facilidade de gestão do Fundo Ambiental que não existia", "o olhar das autarquias que hoje é diferente sobre os problemas ambientais, porque os rios deixaram de ser as traseiras para ser o frontispício" e "não se perder tempo em discussões se a responsabilidade é do governo ou das câmaras".
"Foi fundamental que tenham sido as autarquias a assumir a obra e a vontade de o fazer em conjunto. Nós demos todo o apoio técnico e demos apoio financeiro, porque acreditamos que estas intervenções são certamente muito mais bem conseguidas se forem conduzidas ao nível local porque podem fazer o melhor acompanhamento da empreitada", sublinhou.
O presidente da Câmara de Águeda, Jorge Almeida, comentou que "o vale do Cértima renasceu e hoje é motivo de orgulho", sendo "a concretização de um sonho que não parecia possível", para a qual o ministro foi determinante, mas também a mobilização das populações, exigindo a defesa do rio.
"O movimento SOS-Cértima, que foi de contestação, está hoje empenhado em preservar" e tem sido um parceiro do projeto, segundo o autarca.
Jorge Almeida aproveitou a presença do ministro para propor um programa de reabilitação para a Pateira de Fermentelos, o maior lago natural da Península Ibérica que abrange três municípios e onde "só Águeda é que faz alguma coisa" para travar a praga de infestantes, nomeadamente jacintos de água, que carece igualmente de uma intervenção global.
A intervenção no Cértima envolveu o corte, limpeza e conservação da vegetação autóctone, a contenção de espécies invasoras, a consolidação e renaturalização das margens e a melhoria de 'habitats' ripícolas, bem como o reperfilamento do leito e taludes marginais através de plantação estacaria viva.
Foram ainda removidos diversos obstáculos, como árvores caídas, entulhos e resíduos domésticos que obstruíam o curso natural do rio.