A ministra da Saúde apelou esta quarta-feira para que se trabalhe no sentido de "melhor informar os cidadãos" sobre o desenvolvimento da epidemia de Covid-19 em Portugal. O apelo surge depois de terem circulado durante todo o dia "muitas notícias sem correspondência à realidade", nomeadamente a morte de um paciente, um boato que foi desmentido durante a manhã.
"O apelo que gostaríamos de deixar enquanto Ministério da Saúde é um apelo muito claro a que todos trabalhemos no sentido de melhor informar os nossos cidadãos, que todos trabalhemos no sentido de melhorar a comunicação com base em fontes fiáveis, que todos trabalhemos no sentido de ter uma comunicação honesta, transparente, que seja fidedigna e que não estimule aquilo que é o alarme social desproporcionado", disse Marta Temido.
Nesse sentido, a ministra pediu aos jornalistas que ajudem as autoridades de saúde e o Governo "a comunicar adequadamente" e relevou o papel da comunicação social nesta fase.
"Nesta fase em que nos encontramos, ou em qualquer fase, o papel da comunicação social é imprescindível. Estamos disponíveis para vos esclarecer sempre ao final do dia. Honraremos esse compromisso religiosamente, quase posso dizê-lo", assegurou, pedindo: "Não podemos dispersar-nos todos atrás de informações que são boatos".
Marta Temido sublinhou que "se acontecer alguma coisa de mal ou de bom", "podem ter a certeza que nós vos informaremos".
"Quase todos os países têm tido óbitos, como todos os países têm casos confirmados. Dissemos que diríamos quando tivéssemos o primeiro caso confirmado, dissemos ou não dissemos? Então, acreditem em nós. Não temos motivos para não vos falar verdade, precisamos é da vossa ajuda para falar verdade", insistiu.
O apelo foi também reforçado pela diretora-geral de Saúde, Graça Freitas. "Não voltem a propagar um boato um dia inteiro quando ele foi desmentido", disse, referindo-se à informação falsa sobre a morte de um paciente devido à Covid-19 num hospital de Lisboa. "Se acontecer alguma anomalia - a primeira morte será sempre uma notícia - nós diremos", garantiu.
Questionada na conferência de imprensa sobre a ida das pessoas às praias e a corrida aos supermercados, a ministra da Saúde aproveitou para deixar mais um apelo: que "as pessoas percebam a gravidade da situação em que estamos", lembrando "um mundo cada vez mais global" onde existe "livre circulação de pessoas", o que acarreta "riscos".
"Temos de ser especialmente responsáveis", disse, acrescentando que "num contexto em que algumas comunidades escolares estão encerradas" as pessoas devem ficar em isolamento e "abster-se de praticar condutas que antes eram possíveis", como ir à praia. "O encerramento de estabelecimentos de ensino não significa férias escolares", explicou, sublinhando que "só como um todo poderemos vencer o vírus".
A responsável pela pasta da saúde deixou claro que devemos "cuidar uns dos outros" e que "não podemos deixar que as pessoas fiquem sem bens essenciais", uma referência às corridas aos supermercados e às compras por atacado.
De acordo com o último balanço da DGS, recorde-se, há 59 casos de infeção pelo novo coronavírus confirmados em Portugal, a maioria deles na zona Norte do país.