Estado de emergência "só em último recurso", defende Ana Gomes

A antiga eurodeputada Ana Gomes comentou as medidas adotadas pelo Governo português e apontou o dedo ao Reino Unido e aos Estados Unidos.

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Silvia Abreu
15/03/2020 23:29 ‧ 15/03/2020 por Silvia Abreu

Política

Covid-19

A antiga eurodeputada Ana Gomes, que se encontra em isolamento voluntário, afirmou que esta não é altura "para temermos o próprio medo", mas sim para sermos "racionais, disciplinados e termos um grande sentido cívico", disse na antena da SIC, a partir de sua casa. 

Sobre as medidas que têm vindo a ser tomadas pelo Governo português, Ana Gomes referiu que esta é uma situação nova para todos e que é o momento "de todos termos confiança nas autoridades". 

Relativamente ao discurso do primeiro-ministro António Costa, este domingo, a ex-eurodeputada assumiu ter-se revisto nas suas palavras.

"Quando disse que estaríamos a tomar medidas consoante fossem necessárias, mas que essas medidas deveriam restringir no mínimo as liberdades individuais dos cidadãos. Acho que essa é a atitude certa do governo."

Ana Gomes apelou a todos, especialmente aos jovens, acrescentando que este é um desafio para a sobrevivência de todos. "Muito não depende de nós, precisamos da Europa, é uma pandemia e exige medidas a nível global", frisou. 

Relativamente às medidas que serão anunciadas esta segunda-feira, no que diz respeito às fronteiras, a ex-eurodeputada disse que lhe "parece absolutamente justificado", mas que Estado de Emergência deverá ser decretado "só em último recurso". Uma decisão que, recorde-se, estará em cima da mesa do Conselho de Estado convocado para a próxima quarta-feira, anunciou este domingo o Presidente da República. 

Tal como faz sentido existir contenção entre as famílias, "faz sentido haver entre países", defendeu Ana Gomes, considerando que fechar as fronteiras completamente "teria consequências absolutamente prejudiciais". 

Questionada sobre as medidas adotadas no Reino Unido e nos Estados Unidos, Ana Gomes referiu: "No Reino Unido é absolutamente contraproducente. Nos Estados Unidos é o descalabro total. Primeiro, com o Trump em negação, depois, com medidas absurdas e, neste momento, a tentar comprar em exclusivo uma vacina."

 

Sem dúvidas de que "precisamos de uma Europa forte", Ana Gomes deu a Coreia do Sul como um exemplo a que se deve atentar.

Efeitos económicos? "Haverá uma recessão global", dizem economistas

Questionada sobre o impacto que esta crise de saúde terá na economia, a ex-eurodeputada referiu que vários economistas indicam que "haverá uma recessão global" e que um entendimento com a Alemanha será essencial para que se ultrapasse esta fase.

"A Alemanha tem de entender que não resolve a pandemia, nem as saídas económicas, se não houver uma solução que dê oportunidades a todos para sair disto. Vamos ter de sair do paradigma de austeridade e olhar para o papel decisivo que os estados têm. Não é altura para fechamentos egoístas", remata.

 

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