Escolas abertas só receberam 36 alunos no total, diz Fenprof

As cerca de 600 escolas abertas desde segunda-feira para acolher os filhos de profissionais de saúde e de emergência só receberam 36 alunos no total, segundo um balanço da Federação Nacional de Professores (Fenprof) hoje divulgado.

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Lusa
18/03/2020 16:04 ‧ 18/03/2020 por Lusa

País

Covid-19

De acordo com os dados recolhidos pela Fenprof, só cerca de 20 escolas receberam alunos nos primeiros dois dias desde a suspensão das atividades letivas nos estabelecimentos de ensino, por causa do novo coronavírus, e algumas destas acolheram apenas um aluno.

À Lusa, o secretário-geral da estrutura sindical admitiu que a baixa adesão das famílias era expectável, considerando que a abertura de escolas para acolher estas crianças não é uma resposta adequada.

"Tratando-se de famílias que têm um risco pessoal agravado, os pais acabaram por não querer aumentar o risco dos seus filhos, metendo-os numa sala com outras crianças em situações semelhantes", considerou Mário Nogueira.

Segundo as informações recolhidas junto das escolas, foram vários os distritos em que nenhuma das escolas abertas recebeu qualquer aluno entre segunda e terça-feira, designadamente Viana do Castelo, Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Setúbal, Évora, Beja e Portalegre.

Também em Lisboa as escolas referenciadas pela Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) ficaram vazias, um quadro que, segundo a Fenprof, se reproduziu por todo o país também a respeito do serviço de refeições disponibilizado para os alunos mais carenciados: "A esmagadora deles não compareceu nas escolas", afirmou em comunicado.

Segundo dados da Direção-Geral dos Estabelecimento Escolares (DGEstE), há quase 300 escolas de referência na região norte, na zona de Lisboa e Vale do Tejo são 194. No centro, estão 91 estabelecimentos de ensino abertos, no Alentejo são 62 e no Algarve 30.

Estas cerca de 600 escolas são a exceção à decisão de encerrar todos os estabelecimentos de ensino desde creches a universidades e politécnicos, uma das medidas avançadas no final da semana passada pelo Governo para tentar controlar a disseminação do novo coronavírus.

Em reação ao balanço dos primeiros dois dias de suspensão das atividades letivas, a Fenprof defende que não se justifica que os estabelecimentos de ensino continuem abertos, considerando que a resposta social deve ser garantida fora da escola, seja pela organização da vida familiar, para que um dos pais possa ficar em casa com os filhos, no caso de ambos ocuparem profissões classificadas essenciais, seja pela atribuição de um subsídio para que possam contratar um cuidador.  

No fim de semana, a ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou que os profissionais de saúde poderiam usar o subsídio -- que lhes seria entregue se ficassem em casa com os filhos -- para contratar alguém para tomar conta dos seus filhos, em alternativa a deixar as crianças nas escolas, uma medida que a Fenprof defende que seja alargada a todos os trabalhadores de serviços essenciais.

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 200 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.200 morreram.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que na terça-feira. O número de mortos no país subiu para dois.

Portugal está em estado de alerta desde sexta-feira, e o Governo colocou os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.

Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas desde segunda-feira e impôs restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.

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