Cerca de 20 pessoas afastadas da TAP tinham "poucos dias de casa"

Cerca de 20 trabalhadores que foram afastados da TAP ao abrigo do período experimental tinham "muito pouco dias de casa", disse à Lusa o presidente do Sindicato Nacional de Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPAC), Henrique Louro Martins.

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Lusa
19/03/2020 21:29 ‧ 19/03/2020 por Lusa

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Covid-19

 

"Essa informação foi-nos dada há pouco tempo e os colegas que estão ao abrigo do período experimental viram essa situação efetivamente feita", disse à Lusa Henrique Louro Martins, confirmando mais tarde que estão em causa cerca de 20 pessoas.

O afastamento insere-se no plano de contingência implementado pela companhia para fazer face à crise económica causada pela pandemia do novo coronavírus.

Fonte oficial da TAP confirmou à Lusa o afastamento de trabalhadores ao abrigo do período experimental, mas sem adiantar números.

O presidente do SNPVAC reconhece que "a lei neste caso pode proteger a empresa", mas "o sindicato tem de proteger os trabalhadores", referindo que os funcionários "terão todo o apoio jurídico do sindicato para aquilo que acharem necessário" e que "estará sempre ao lado deles".

"Queremos que os próximos trabalhadores a entrar sejam aqueles que agora não lhes foi renovado o contrato, que têm muito poucos dias de casa", disse à Lusa o sindicalista, esperando que estejam "exatamente nas mesmas condições, por uma razão de antiguidade, para ingressarem novamente na TAP assim que for possível".

O presidente do SNPVAC manifestou a mesma posição para aos restantes trabalhadores, esperando que seja possível assegurar que todos "os funcionários que agora não viram os seus contratos renovados voltem novamente para a TAP".

Henrique Louro Martins referiu que "hoje foi um dia negro para muita gente" e que "houve pessoas que deixaram outras profissões para vir para a TAP", dando como exemplo um caso "em que a pessoa deixou um futuro que tinha mais ou menos estruturado e de repente foi tudo por água abaixo".

Estes trabalhadores incluem-se no grupo de 100 pessoas que a TAP anunciou não terem visto os seus contratos a prazo renovados, mas foram afastadas devido à vigência do período experimental, que no caso dos contratos a termo pode ir de 15 a 30 dias, de acordo com o Código do Trabalho.

O sindicalista afirmou à Lusa que até podem ser mais do que 100 trabalhadores nessa situação, dado que "neste momento ainda é um pouco cedo, para face à dimensão drástica na redução dos voos que a TAP teve", poder confirmar o número.

 "O sindicato tem 3.000 associados, tem de os defender a todos, mas há aqui situações em que a lei não nos deixa ir mais além. O objetivo máximo do sindicato é a defesa dos postos de trabalho, mas há aqui situações que ninguém conseguia prever", referiu o presidente do SNPVAC.

"A TAP e o próprio país estavam a caminhar numa situação de evolução e de repente veem-se a braços com esta crise provocada por este vírus, e de alguma maneira as empresas têm de adotar medidas", reconheceu.

A TAP decidiu não renovar o contrato a prazo com 100 trabalhadores, que já foram notificados, uma medida do plano de contingência implementado pela companhia no âmbito do surto de Covid-19, confirmou hoje à Lusa fonte da transportadora aérea.

"Confirmamos que não estamos a renovar contratos de trabalho de colaboradores que estão a prazo", disse à Lusa fonte da TAP.

A transportadora realçou ainda que, quando precisar novamente de mais funcionários e tiver condições para reforçar a equipa, estas 100 pessoas serão as primeiras a ser chamadas. 

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 235 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 9.800 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 86.600 recuperaram da doença.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se já por 177 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 785, mais 143 do que na quarta-feira.

O número de mortos no país subiu para quatro, com anúncio da morte de uma octogenária em Ovar, feito pelo presidente da Câmara local, horas depois de a DGS ter confirmado a existência de três vítimas mortais até às 24h00 de quarta-feira em Portugal.

 

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