Sílvia Lutucuta, que falava hoje em conferência de imprensa, fez referência aos últimos passageiros provenientes de Portugal, depois da decisão do Governo angolano de incluir o país na lista de restrições com obrigatoriedade de quarentena, e que chegaram a Luanda na quarta-feira, nas vésperas de Angola fechar as suas fronteiras aéreas para evitar o contágio pelo novo coronavírus, que causa a doença covid-19.
A ministra referiu que alguns passageiros forneceram dados falsos, nomeadamente número de telefones e moradas, para evitar cumprir a medida, mas "a polícia tem condições e já está a fazer esse trabalho de rastrear as pessoas".
"Não haverá mais avisos, quem reside no Cazenga e é encontrado na 'Baixa', a polícia vai pegar em si e levar para o centro do Calumbo, não haverá explicação possível nem tolerância", avisou, acrescentando que as equipas de saúde pública têm estado a telefonar para confirmar que as pessoas estão bem.
A ministra garantiu que há um sistema de rastreio telefónico que permite saber onde as pessoas se encontram.
A governante angolana disse que foi adotada a quarentena domiciliar por se ter tornado inviável a quarentena institucional em vigor, que abrangia anteriormente apenas quatro países - China, Coreia do Sul, Irão e Itália - com casos de transmissão comunitária de coronavírus.
"Mas temos que perceber que Angola tem uma relação secular de amizade com Portugal e há pessoas que têm uma relação muito próxima, têm famílias em Portugal e viajam com muita regularidade por várias razões, ou familiares, ou por formação ou comerciais", referiu a ministra.
Segundo a responsável da Saúde, com a necessidade de alargar as restrições a outros países, incluindo Portugal, um grande contingente de angolanos que estavam em território português teve de regressar ao país e devido ao elevado número de passageiros, superior à capacidade instalada, a opção foi a quarentena domiciliar.
"Os passageiros que vieram de Lisboa desde o dia 18 foram submetidos à quarentena domiciliar, por estas razões. Só num dia chegaram mais de 900 passageiros, temos muitos passageiros que vieram de Lisboa, fizemos essa opção", explicou.
Acrescentou que "as pessoas não foram para casa como se tivesse havido férias normais" e todos foram obrigados a preencher um boletim com informação detalhada e dados pessoais, bem como um termo de compromisso declarando que ficam no domicílio.
A titular da pasta da Saúde em Angola sublinhou que os passageiros foram informados que quem violar as orientações "vai fazer compulsivamente quarentena nos centros de quarentena, no Calumbo".
O centro de quarentena do Calumbo, em Viana, nos arredores de Luanda, alberga atualmente 17 pessoas.
Durante o período de quarentena, prosseguiu a ministra, as pessoas terão de cumprir os 14 dias de isolamento, bem como os restantes membros do agregado familiar.
"Se houver alguma manifestação clínica, nomeadamente tosse, febre, dor na garganta e dificuldade respiratória podem contactar o 111, onde temos uma equipa de profissionais no Centro Integrado de Segurança Pública [CISP] capaz de orientar estas pessoas", frisou.
Na mesma ocasião, Sílvia Lutucuta reiterou que o país continua sem registar casos do novo coronavírus, ao contrário de informações que davam conta da notificação da primeira ocorrência em Angola, salientando que as autoridades sanitárias angolanas respeitam os compromissos internacionais existentes, nomeadamente com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
"E, por outro lado, se nós queremos de facto proteger a nossa população, nós temos que informar com verdade como é que está a situação em Angola", referiu, destacando que o país fez até ao momento 150 testes.
"Nós já estamos a processar as amostras cá em Angola, cumprindo estritamente com os protocolos estabelecidos. Não temos tido problema nenhum, porque é todo um sistema que tem mecanismos de controlo positivos e negativos e, felizmente, no rastreio laboratorial que tem sido feito até aqui não tivemos nenhuma amostra positiva" de covid-19, salientou.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 265 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 11.100 morreram.
Das pessoas infetadas, mais de 90.500 recuperaram da doença.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se já por 182 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 4.032 mortos (mais 627 que na quinta-feira) em 47.021 casos.
Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 1.020, mais 235 do que na quinta-feira. O número de mortos no país subiu para seis.