Fase de mitigação. "Transição pode ter turbulência", alerta DGS

Portugal entra, às 00h00 desta quinta-feira, na fase de mitigação no âmbito da pandemia do novo coronavírus. Segundo o Plano Nacional de Preparação e Resposta, nesta fase, as medidas de contenção são insuficientes e a resposta é focada na mitigação dos efeitos da Covid-19 e na diminuição da sua propagação.

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Filipa Matias Pereira com Lusa
25/03/2020 12:52 ‧ 25/03/2020 por Filipa Matias Pereira com Lusa

País

Covid-19

A transição para a fase de mitigação "pode ter turbulência e estamos cá para resolver os obstáculos. Estamos cá para resolver os problemas e para prestar assistência aos doentes de acordo com o grau de evolução da doença", assegurou Graças Freitas, na conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde, na manhã desta quarta-feira.

Precisou a diretora-geral da Saúde, acreditando que há dúvidas em relação ao plano de contingência, "que estamos na fase 3.2, o quer quer dizer que há transmissão comunitária. Não descontrolada, mas temos transmissão comunitária". 

É precisamente por esse motivo que, "às 00h00, vai entrar um novo plano para abordar a Covid-19. Vamos passar das medidas da fase de contenção para as medidas da fase de mitigação". 

Os dias de transição são, nas palavras de Graça Freitas, "sempre complexos. Vamos mudar de um paradigma para outro, de uma forma assistencial para outra". 

Também presente na reunião desta manhã esteve o secretário de Estado da Saúde, António Sales, que recordou que a terceira fase desta pandemia, a da mitigação, "é a mais crítica e isso exige de todos nós" esforços acrescidos. Ao Estado cabe "preparar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) para dar resposta aos cidadãos". O secretário de Estado alertou ainda que "aos cidadãos e a cada um de nós cabe a autoproteção e a dos que nos são mais queridos".

Doentes vão passar a ser sobretudo seguidos em casa

Segundo a diretora-geral da Saúde, "os doentes vão passar a ser seguidos sobretudo no domicílio. Essa é a regra a partir de amanhã [quinta-feira]".  Graças Freitas explicou que "cerca de 80% dos doentes vão ter sintomatologia ligeira e conseguir ficar no domicílio, sendo acompanhados, obviamente, pelo seu médico e enfermeira e a saúde pública fará a sua parte para rastrear os contactos destes doentes".

diretora geral da saúde socorreu-se de uma regra percentual "80-15-05" para explicar a divisão dos sintomas por doentes infetados com covid-19. Além dos 80% de infetados que sentirão sintomas ligeiros, os outros 15% serão doentes com "sintomas um bocadinho mais graves" e que devem ir "ao seu centro de saúde", onde estará colocada "sinalética e terá áreas dedicadas para as pessoas que tenham covid-19" isolada de outros locais que tratarão as outras patologias.

Contudo, anunciou, haverá áreas geográficas com mais população que poderão escolher, entre as várias unidades de saúde, um centro de saúde para atender todos os doentes covid-19, em exclusividade.

O terceiro patamar de atendimento diz respeito aos 5%, estas com sintomas mais graves que devem ligar para a linha SNS24 [808242424] para depois serem "encaminhados para uma urgência hospitalar, para serem vistos por um médico e testados na altura".

"É esse médico que vai decidir se esses doentes vão seguir para o quarto patamar de intervenção que é o do internamento", explicou Graça Freitas, acrescentando, porém, que "se o caso for muito grave pode haver necessidade de internamento direto da pessoa infetada através do CODU ou INEM".

Genericamente, na fase de mitigação da covid-19, a DGS estabeleceu quatro patamares de intervenção: os doentes ligeiros que ficam em casa, os moderados que irão ao centro de saúde, os graves, mas não críticos, que serão encaminhados para os hospitais e os críticos, que serão internados

"Este modelo será, a partir de quinta-feira, aplicado ao setor público de saúde, ao privado e ao social"

De referir que quase 80% dos óbitos registados em Portugal até à data dizem respeito, como recordou o governante, a pessoas com "80 anos ou mais. A letalidade da doença é maior entre os idosos e não a devemos perder de vista".  Por isso, "os lares de terceira idade são uma preocupação" e é importante que estes tenham planos de contingência. 

Já no que aos materiais de proteção individual diz respeito, o Governo continua a acompanhar o processo e, "à medida que [este] vai chegando, vai sendo distribuído onde é mais preciso". Ao mesmo tempo, salvaguardou, "continuamos a identificar oportunidades no mercado para garantir que o fluxo satisfaz as necessidades do país, que nesta fase são naturalmente maiores". 

O número de mortes associadas ao vírus que provoca a Covid-19 subiu para 43 em Portugal, revelou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS), num boletim que regista 2.995 casos de infeção.

[Notícia atualizada às 16h11]

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