"Há outros contextos em que eventualmente os profissionais de saúde desejassem ter algum equipamento de proteção individual adicional. Poderá haver algumas falhas e que, entretanto, estamos diariamente a acompanhar com as unidades de saúde, no sentido de redistribuir e voltar a repor esse 'stock'", adiantou Tiago Lopes, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
Questionado sobre uma alegada falta de material de proteção individual para profissionais de saúde, devido à pandemia da covid-19, o responsável da Autoridade de Saúde Regional frisou que os profissionais que prestam assistência aos casos positivos internados "não estão desprotegidos".
Quanto às restantes unidades de saúde, admitiu a existência de falhas pontuais, mas disse que a região ainda tem 'stock' disponível para fazer uma redistribuição de material.
"As falhas pontuais irão ser colmatadas na medida do possível. Poderá haver alguma demora, temos neste momento limitação do tráfego aéreo e marítimo, mas dentro de pouco tempo conseguiremos repor algum do nível das unidades de saúde", apontou.
Tiago Lopes sublinhou, no entanto, que apesar da elevada procura a nível mundial, o Governo Regional dos Açores desencadeou o processo de aquisição de equipamentos de proteção individual de forma "célere e precoce" e deverá ter um reforço "muito brevemente".
A secção regional dos Açores da Ordem dos Enfermeiros reivindicou hoje a realização urgente de testes a "todas as equipas" e profissionais de saúde que asseguram cuidados no âmbito da covid-19.
Questionado sobre essa possibilidade, o responsável da Autoridade de Saúde Regional alegou que os testes à infeção pelo novo coronavírus serão feitos de acordo com critérios clínicos e epidemiológicos ou mediante a evolução do surto num determinado contexto ou local, como aconteceu com um grupo que participou num cruzeiro na ilha de São Jorge ou com a primeira cadeia de contágio local na freguesia de São Mateus, na ilha Terceira.
"Iremos testar tanto profissionais de saúde, como qualquer cidadão, sempre que assim se justifique. Até ao momento, não necessitámos, em nenhum contexto de âmbito hospitalar ou de cuidados de saúde primários, de fazer qualquer tipo de rastreio, como fizemos nos casos concretos de São Jorge e São Mateus", afirmou, rejeitando testar profissionais de saúde "de forma indiscriminada".
Quanto à existência de profissionais habilitados a trabalhar com ventiladores nos Açores, Tiago Lopes disse que a região tem "os recursos humanos desejáveis para esse efeito", admitindo, ainda assim, que, "no pico do surto, todos os recursos humanos e materiais vão ser poucos".
"Não se pode fazer apenas formação para saber trabalhar com máquinas. Os profissionais de saúde têm de saber ouvir, escutar, ver, observar o doente crítico e isso não se ensina de um dia para o outro", acrescentou.
Os Açores têm atualmente 25 casos confirmados da covid-19 (sete em São Jorge, seis na Terceira, seis em São Miguel, três no Faial e três no Pico).
Dois destes doentes estavam internados no Hospital da Horta, mas um deles foi transferido hoje, devido ao "agravamento do seu estado de saúde", para o Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, hospital de referência para tratamento de covid-19 nos Açores, onde estão internados outros cinco doentes.
Entre os 25 casos, há apenas uma infeção por transmissão local confirmada, na ilha Terceira, mas o caso mais recente, um homem de 39 anos na ilha de São Miguel, aguarda ainda pela confirmação do estudo epidemiológico.
"Temos identificada a história de viagem recente para o exterior e, atendendo ao resultado positivo que nós obtivemos mediante a análise laboratorial processada, estamos a aprofundar o contexto epidemiológico para saber se efetivamente provém dessa viagem ao exterior e se há algum outro aspeto que possa influir na positividade obtida", revelou Tiago Lopes.
Aguardam ainda pelo resultado das análises nos Açores 20 casos suspeitos e estão em vigilância ativa 2.090 pessoas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.
Em Portugal, registaram-se 76 mortes e 4.268 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde.