Entre as 15:00 e as 18:00, os militares mandaram parar os veículos para conhecer a razão da deslocação e lembrar as medidas anunciadas pelo Governo de combate à covid-19 e do dever especial de proteção a que cada um deve submeter-se.
À Lusa, o porta-voz da GNR, capitão Bruno Rodrigues, insistiu ser preocupação da Guarda que as pessoas "resumam as suas deslocações ao estritamente necessário, evitando a propagação da covid-19", informando que aquela força policial "estará no terreno todos os dias a efetuar ações idênticas a estas para que as pessoas cumpram o recolhimento obrigatório".
Questionado sobre com que ideia ficaram dos condutores abordados na operação de hoje e nas anteriores efetuadas, o porta-voz garantiu: "os cidadãos estão a cumprir".
Acrescentando que "as pessoas que fazem deslocações têm motivos para o fazer", enfatizou a mensagem da GNR tendo em vista a aproximação da quadra pascal.
"Aquilo que esperamos para os próximos dias, devido às restrições que estão a ser impostas, é que haja cada vez menos deslocações", disse.
Alexandre Silva, empresário, foi um dos automobilistas abordados no trajeto entre o Porto e Gandra, onde reside, afirmando-se à Lusa de acordo com as restrições avançadas pelo Governo no âmbito da renovação do estado de emergência nacional.
"Acho muito bem. Estou de acordo", afirmou, apesar de se "sentir restringido pelas medidas aplicadas", explicando a mistura de sensações com o facto de "ao nível da empresa parte dos funcionários entrarem hoje em lay-off".
Questionado acerca da sua perceção sobre a forma como os portugueses estão a reagir às restrições, o empresário entende que estão "a reagir muito bem", que " há sempre exceções", mas que "no geral estão a reagir bem".
Pouco depois, Vanessa Coelho, estudante de mestrado de Paredes, foi também mandada parar na operação, acedendo depois em falar à Lusa, começando por admitir que as medidas anunciadas pelo Governo "vão fazer muita diferença" no seu quotidiano, ou melhor, já fazem, acrescentando que o encerramento de algumas empresas ao abrigo do estado de emergência lhe interrompeu o estágio.
"Encontrava-me a estagiar, no âmbito do último ano do mestrado e, com as empresas fechadas, vou ter de adiar a tese", lamentou a jovem, explicando que apenas "uma parte desse trabalho é possível fazer em casa" durante a quarentena, pois a "parte experimental tinha de ser nas máquinas da própria empresa".
E prosseguiu: "há uma mês que esta parte está interrompida".
Sobre o cumprimento das medidas anunciadas pelo Governo, Vanessa Coelho referiu "que as pessoas estão a começar a ficar consciencializadas sobre o perigo deste vírus e que só saem [de casa] quando veem que não há outra opção ou que precisam de alguma coisa que não existe perto de casa", como foi o "caso da viagem de hoje", que a obrigou a "ir às compras ao Porto".
Concluída a operação, disse à Lusa o capitão Bruno Rodrigues, "foram mandadas parar 1.448 viaturas, onde seguiam 1.998 pessoas, não tendo sido feita nenhuma detenção nem registado qualquer incumprimento".
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 246 mortes, mais 37 do que na véspera (+17,7%), e 9.886 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 852 em relação a quinta-feira (+9,4%).
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, mantém-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.
[Notícia atualizada às 19h24]