"O objetivo é que, daqui a três meses, no máximo, esta solução esteja implementada", avançou à Lusa Joana Feijó, diretora de desenvolvimento de negócios do HCP - Polo de Competitividade da Saúde, especificando que se trata de uma adaptação feita a um projeto "muito longo" para responder à pandemia do novo coronavírus.
Segundo a responsável, a Smart Health Network, um 'braço' do HCO especializado nas soluções de saúde digital, já estava a desenvolver uma pulseira de acompanhamento à distância para as pessoas com doenças pulmonares, diabetes, insuficiência cardíaca e Alzheimer, adaptando-o agora à covid-19.
"O modelo é o mesmo, o que fizemos numa semana foi adaptar os parâmetros para os sintomas especiais relacionados com a covid-19", frisou Joana Feijó, especificando que, neste projeto, estão envolvidos 12 parceiros, desde centros de investigação a 'start ups', empresas e dois hospitais, o Hospital de São João, no Porto, e o Hospital de Braga.
A responsável adiantou ainda que estão 30 pessoas alocadas atualmente ao projeto, e que os trabalhos em curso envolvem, além da afinação dos sensores para os sintomas do novo coronavírus, a criação de um 'back office' (base de dados) que permita a consulta dos médicos de saúde pública.
"Já está decidido pelos parceiros que o projeto vai avançar, independentemente de haver financiamento externo ou não. Claro que estamos a concorrer aos fundos dos concursos que estão a ser abertos, mas temos 40 mil euros para lançar o produto nos próximos três meses", salientou.
Além da pulseira de monitorização digital, o HCP também está a trabalhar na criação de uma central de apoio técnico e de suporte à utilização de ventiladores, e de uma plataforma de 'e-learning' [formação à distância] que disponibiliza conteúdos sobre covid-19 para profissionais de saúde.
O HCP é uma associação privada sem fins lucrativos que reúne mais de 180 associados, entre 'start ups' e empresas do setor dedicadas à investigação, universidades, hospitais, organizações da sociedade civil e empresas das áreas da farmacêutica, biotecnologia, tecnologias médicas e serviços.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 54 mil.
Dos casos de infeção, cerca de 200.000 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 246 mortes, mais 37 do que na véspera (+17,7%), e 9.886 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 852 em relação a quinta-feira (+9,4%).
Dos infetados, 1.058 estão internados, 245 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 68 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, mantém-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.
Além disso, o Governo declarou no dia 17 de março o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.