"Paciência" é a receita mais eficaz para combater o isolamento, defende o psicólogo José Morgado, professor no Departamento de Psicologia da Educação no ISPA - Instituto Universitário, apelando aos pais que sejam "particularmente resilientes", mas frisando que "não há um manual de instruções" para lidar com a nova situação.
As crianças têm uma capacidade "muito significativa de resiliência" e "adaptação", mas é necessário dar-lhes tempo. Para o especialista, é facilitador definir algum tipo de "rotinas organizadoras do tempo", tendo em conta as características de cada família, como o teletrabalho e a existência de mais crianças.
As rotinas, adequadas às idades dos miúdos, são também uma forma de desenvolver autonomia, acabando por libertar os mais velhos para outras tarefas. Ter atividades motoras durante o dia e atividades relaxantes ao fim do dia, como um banho mais demorado, pode ajudar a conter ansiedades.
"Estar atento" a mudanças no comportamento das crianças é um alerta do psicólogo, avisando que é preciso ter cuidado com "o tipo de informação que circula" para que a criança não fique assustada com as histórias que ouve.
Os progenitores devem também estar atentos a "comportamentos disruptivos", como os transtornos alimentares, tais como a bulimia, e verificar as causas das birras, embora seja previsível que aumentem num contexto de isolamento.
José Morgado recorda as palavras da música Pedra Filosofal e lembra que o "mundo pula e avança, como bola colorida, entre as mãos duma criança" e acredita que os miúdos vão sair mais fortes desta crise mundial.
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