Ensino superior à distância? Fenprof pede ação do ministro

A Fenprof ientificou um leque de dificuldades no ensino superior ministrado à distância e, perante este facto, exige respostas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

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Filipa Matias Pereira
08/04/2020 07:57 ‧ 08/04/2020 por Filipa Matias Pereira

País

Covid-19

A Fenprof reuniu o seu Departamento de Ensino Superior e Investigação com o objetivo de analisar a situação que se vive nas instituições de ensino superior e unidades de investigação, face à pandemia do SARS-CoV-2.

Constatou a organização sindical que são várias as dificuldades com as quais os docentes do ensino superior se deparam, desde logo pela "falta de recursos materiais (equipamentos ou ligação à net), problema que se agravou com o despedimento ou entrada em layoff, em menos de um mês, de mais de meio milhão de trabalhadores, havendo famílias em que nenhum dos seus membros manteve o emprego".

São ainda relatadas dificuldades que dizem respeito ao facto de muitos estudantes "terem de partilhar os equipamentos informáticos com irmãos, também estudantes, ou com outros membros da família que se encontram em teletrabalho".

Revela a FENPROF em comunicado enviado às redações que muitos professores têm encontrado óbices para "garantir uma regular atividade à distância por, também eles, terem de partilhar equipamentos com filhos estudantes ou outros membros da família em teletrabalho".

Há ainda "dificuldades de garantir uma avaliação rigorosa e justa que não seja presencial. Na própria Universidade Aberta, mais preparada para um ensino não presencial, o problema da avaliação à distância está a colocar preocupações aos docentes, preocupações que só poderão estar ausentes em quem não valoriza o rigor da avaliação ou não atribui a importância devida à equidade".

No que respeita às instituições, defende a Fenprof que "cada uma parece apostada em fazer de sua maneira, como se originalidade fosse sinónimo de melhor resposta, o que, infelizmente, não corresponde à realidade".

Durante esta fase de pandemia, o "que já se começou a sentir foi a ausência de um Ministério", nomeadamente do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), "que não deveria lavar as mãos perante o que se está a passar, atirando o ónus para cima das instituições, sendo que os seus dirigentes, em muitos casos, lavam também as mãos responsabilizando os docentes pelo sucesso ou eventual insucesso do trabalho que está a ser desenvolvido".

Estando o país num "estado de exceção", acredita a Fenprof que "há medidas e formas de atuação excecionais que precisam de ser adotadas pelo governo, também para as áreas do ensino superior e da ciência". É, pois, "indispensável que o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Professor Doutor Manuel Heitor, seja claro quanto aos aspetos essenciais do funcionamento do sistema, não se escudando atrás da autonomia das instituições".

Concretamente, espera a Fenprof que o ministro se pronuncie relativamente à "estratégia de retorno gradual à atividade presencial", à "avaliação dos alunos" e ao "acesso ao ensino superior dos alunos que estão agora a terminar o ensino secundário, cujos procedimentos (exames finais do ensino secundário, candidaturas e resultados do acesso) poderão ter lugar, excecionalmente, após as férias de Verão, deslizando a abertura do ano letivo, em 2020/21, para um pouco mais tarde do que vem sendo habitual".

Recorde-se que o primeiro-ministro recebe esta quarta-feira, em São Bento, por ordem crescente de representatividade, os partidos com assento parlamentar sobre a reabertura dos estabelecimentos de ensino, que encerraram em 16 de março por causa da pandemia de covid-19.

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