Em causa está a USF Salinas, em Aveiro, e também a USF São João de Ovar, no concelho de Ovar, que desde 17 de março se encontra em estado de calamidade pública devido à pandemia gerada pelo novo coronavírus.
Em declarações à Lusa, o diretor-executivo do Agrupamento dos Centros de Saúde do Baixo Vouga nota que as referidas unidades de saúde se incluem entre as que registaram alguns dos primeiros casos de covid-19 em Portugal, pelo que a sua reabertura é encarada como "um sinal positivo" em termos de capacidade de resposta à crise sanitária em curso.
"Testámos os nossos profissionais e confirmámos que já estava recuperado um número suficiente para permitir o reinício de atividade destas USF. Agora vamos manter o mesmo ritmo de rastreio para verificar a recuperação das equipas restantes e ver se na próxima terça-feira podemos ter todas as unidades do Baixo Vouga novamente a funcionar", declara Pedro Almeida, antecipando assim também a reabertura da UCSP Anadia III e das USF Águeda Mais Saúde e Atlântico Norte.
No caso da USF São João de Ovar, a estrutura reiniciou a atividade com parte dos seus recursos habituais e está a realizar apenas atendimento presencial, após marcação prévia pelo telefone ou email.
Já no que se refere à USF Salinas, reabriu em exercício pleno e nos moldes normais, de porta aberta, mas, sempre que possível, os utentes também devem recorrer ao telefone ou ao email.
Realçando que a prioridade do Agrupamento dos Centros de Saúde do Baixo Vouga tem sido a realização de testes de rastreio aos seus próprios profissionais e à comunidade afeta a lares de idosos e outros espaços residenciais para seniores, Pedro Almeida atribui a esse esforço de diagnóstico "o passo que agora se dá no sentido de devolver alguma normalidade" à rede de cuidados primários da região.
O mesmo responsável nota que a capacidade de trabalho dessas unidades é particularmente relevante considerando que "80% dos casos de covid-19 são tratados nos centros de saúde" e encaminhados para convalescença domiciliária, pelo que o internamento hospitalar envolve apenas os restantes 20% de infetados.
O novo coronavírus responsável pela pandemia da covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 89.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, mais de 312.000 recuperaram.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, o balanço diário da Direção-Geral da Saúde indicava hoje 409 mortes e 13.956 infeções confirmadas. Desse universo de doentes, 1.173 estão internados em hospitais, 205 recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.
A 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar, que a partir do dia seguinte ficou sujeito a cerco sanitário com controlo de fronteiras e suspensão de toda a atividade empresarial não afeta a bens de primeira-necessidade. A medida foi entretanto prolongada até 17 de abril.
Nesse território de 148 quilómetros quadrados e cerca de 55.400 habitantes, a Câmara Municipal dizia hoje ao início da tarde ter já registados 18 óbitos e 497 infetados por covid-19.
Todo o país está desde as 00:00 de 19 de março em estado de emergência, o que também vigora até às 23:59 do dia 17. Nesse contexto, toda a população está proibida de circular fora do seu concelho de residência entre hoje e o final da próxima segunda-feira, no que o objetivo do Governo é desincentivar viagens no período da Páscoa.