"Este é um equipamento extremamente importante, porque ao contrário, se calhar, do que a maioria das pessoas pensa, ainda existem casas numa freguesia do centro de Lisboa, como Campolide, que não têm saneamento básico", disse à Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Campolide, André Couto, indicando que, apesar de já não ser a maioria, ainda há munícipes de Lisboa a viver sem casa de banho.
Localizado junto ao parque florestal de Monsanto e ao Aqueduto das Águas Livres, numa zona de pequenas moradias, o balneário público do bairro da Serafina foi inaugurado em 1949, para melhorar as condições de higiene das populações, objetivo que se mantém nos dias de hoje.
No âmbito do plano de contingência para combate à covid-19, a Junta de Freguesia de Campolide decidiu alargar o horário de funcionamento do balneário - desde 23 de março está aberto quase todos os dias, exceto ao domingo. Além de permitir tomar banho, por 0,20 euros, o equipamento disponibiliza lavagem e secagem da roupa, por 1,50 euros.
"Nesta fase em especial, é normal que, com o encerramento de outros equipamentos que existem do género na cidade, venham pessoas de outras freguesias aqui, como têm vindo. E é normal também que as pessoas que já vinham venham agora com maior frequência, uma vez que estamos num período complicado em termos de saúde pública", indicou o autarca de Campolide.
No geral, há "mais homens do que mulheres e com perfis de idades variados", na maioria fregueses de Campolide.
"Ficámos surpreendidos quando soubemos que outros balneários, que outros equipamentos do género tinham sido encerrados na cidade", comentou o presidente da Junta de Freguesia, considerando que, neste tempo de pandemia, todos os serviços de higiene devem continuar em funcionamento.
Entre os balneários de Lisboa que fecharam no âmbito da pandemia da covid-19, destaca-se o de Alcântara, essencialmente utilizado por pessoas em situação de sem-abrigo que foram para os centros de acolhimento disponibilizados pela Câmara de Lisboa.
Quanto às medidas de prevenção para evitar contágios, Campolide assegurou a distribuição de materiais de proteção individual para os trabalhadores, disponibilizou álcool gel e determinou o aumento da frequência na desinfeção do balneário, assim como a sensibilização dos utentes para que cumpram as regras de segurança.
A assegurar o funcionamento do balneário, Leonor Rua sente que há "muita procura", inclusive telefonemas a perguntarem se o equipamento está aberto, porque "as pessoas têm uma maior preocupação com a higiene pessoal".
"As pessoas agora veem a porta aberta, sabem que está aqui alguém no balneário e vêm cá perguntar a que horas é que abrimos, a que horas é que fechamos, se podem vir tomar banho", disse à Lusa a funcionária, de 50 anos, adiantando que os utentes chegam espaçadamente, sem necessidade de formar fila, como que se houvesse um horário informal estabelecido entre eles.
Protegida com máscara e luvas, Leonor Rua garante a desinfeção constante do balneário. A roupa para lavar, por exemplo, tem de aguardar seis dias antes da lavagem.
"Eu sempre disse 'se fosse para mim, como é que eu gostaria de tomar banho no balneário?', portanto é sempre esse cuidado que eu tenho", apontou a funcionária, realçando que as pessoas podem "estar à vontade" para ir ao balneário.
Apesar do risco de contaminação, que tenta ao máximo evitar, Leonor Rua pretende continuar a trabalhar e, assim, ajudar quem mais precisa.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto de covid-19 espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril.