A conferência de imprensa diária da Direção Geral da Saúde de atualização da evolução da pandemia de Covid-19 em Portugal contou hoje com a Ministra da Saúde, Marta Temido e com a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas.
"Estamos numa fase de planalto. No entanto, todos estes dados são muito preliminares e devem ser interpretados com cautela", começou por referir a governante após ter anunciado que, este sábado, Portugal conta com 15.987 casos confirmados de Covid-19 (um aumento de mais 515 infetados no espaço de um dia) e 470 óbitos (mais 35 do que ontem), sendo que 266 pessoas já recuperaram da doença no país.
Sobre o número de testes positivos para o novo coronavírus ser superior ao número de casos de infeção confirmados no boletim diário da Direção-Geral de Saúde, a ministra explicou que “um caso confirmado poderá corresponder a mais do que um teste positivo". Ou seja, "o critério de cura é aferido pela realização de dois testes e se uma pessoa for testada várias vezes porque já não tem sintomas mas demorar até ter o seu caso confirmado o seu teste conta".
Dados regionais? "Não há qualquer proibição de partilha de informação"
Após ter sido alvo de críticas por parte de vários autarcas que acusaram o Governo de proibir a partilha de dados epidemiológicos a nível regional, Marta Temido quis "esclarecer inequivocamente" que "não há qualquer proibição de partilha de informação" dos boletins epidimiológicos locais e regionais. Ainda assim, a ministra referiu que "há sim um apelo claro para que todas as entidades" se concentrem "no envio de informação atempada e consistente para o nível nacional".
"Boletins parcelares podem ser alvo de análises fragmentadas", acrescentou alertando que em alguns casos pode estar a decorrer uma violação do segredo estatístico.
Ainda sobre as alegadas discrepâncias entre os números oficiais e outros apresentados por fontes locais, a governante recordou que no boletim se encontra a seguinte nota: "A informação apresentada refere ao total de notificações clínicas no sistema SINAVE. Os dados por concelho de ocorrência, apresentados por ordem alfabética. Quando os casos confirmados são inferiores a 3, por motivos de confidencialidade, os dados não são apresentados".
Sublinhando que é preciso ter "noção que algum tipo de informação só pode ser coligido por autoridades oficiais", Marta Temido anunciou ainda que a Direção-Geral de Saúde "está neste momento a trabalhar numa metodologia que permita que as suas entidades locais e regionais possam também aferir o que são os seus próprios números informativos pelos mesmos períodos de tempo”.
Testes de imunidade em desenvolvimento
Questionada pelos jornalistas sobre os "1.700 testes sorológicos prometidos para o final de abril”, Graça Freitas, diretora-geral de Saúde, tomou a palavra e referiu que ainda está em curso o estudo piloto deste tipo de testes no Instituto de Saúde e Doutor Ricardo Jorge. “Está a ser definido qual o tipo de amostra, o tipo de teste, como vão ser os testes e como vai ser aferido o nível de anticorpos”, esclareceu.
Ainda sobre este tipo de análise, a responsável adiantou também que os critérios de realização dos mesmos também estão a ser estudados para se compreender qual será "a melhor forma de reproduzir para uma maior amostra da população”. Graça Freitas acrescentou que esta amostra de população - que será submetida aos testes de imunidade - vai ser escolhida de forma aleatória.
Quase dois mil profissionais de saúde infetados no país
A diretora-geral de Saúde anunciou que há 1.849 casos confirmados de Covid-19 entre os profissionais de saúde em Portugal, sendo que 488 são enfermeiros, 276 médicos e 1.085 outros profissionais do setor. Nos Cuidados Intensivos, Graças Freitas admitiu não ter conhecimento do número de profissionais de saúde internados. No entanto, a responsável garantiu que tem verificado uma "evolução positiva" do estado de saúde destes profissionais.
Ainda sobre os Cuidados Intensivos, a diretora-geral de Saúde ressalvou que, no geral, a percentagem total de de novas entradas nestas unidades é "relativamente baixa", denotando que mais de 80% dos infetados no país se encontram a recuperar em casa. “Sabemos de facto, até à data, que o número de pessoas a entrar em Cuidados Intensivos não tem subido muito”, sublinhou.
Reveja aqui a conferência deste sábado: