Numa nota enviada às redações, esta entidade -- que reúne desde 2018 instituições públicas, privadas e sociais -- refere que antes de ser declarada a pandemia "havia 50 mil portugueses a aguardar cirurgias e mais de 240 mil a necessitar de consultas de especialidade hospitalar". Face ao peso de outras patologias, como doenças do aparelho circulatório e respiratório, diabetes ou cancro, entre os óbitos, a CNS deixou um aviso para o futuro.
"Se nada for feito para tratar e ajudar os doentes portadores destas doenças, o cenário pós-pandemia terá consequências dramáticas para muitos doentes e suas famílias, terá um custo evitável em termos de sofrimento e vidas humanas e observaremos nova acentuada degradação" do Serviço Nacional de Saúde (SNS), refere o comunicado.
Entre os membros do conselho superior da CNS encontram-se a Ordem dos Médicos, a Associação Nacional de Farmácias (ANF), a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) ou a Confederação Empresarial de Portugal (CIP), além de diversos centros hospitalares, que se uniram agora para reiterar a "ativação de um plano de emergência" para a retoma da atividade assistencial.
"Será muito importante que o sistema se adapte às necessidades e circunstâncias em que vivemos e, tal passa, por exemplo, pela generalização de teleconsultas sempre e quando tal for possível, bem como pela adoção de medidas que permitam que os cidadãos tenham acesso à medicação sem terem de se deslocar aos hospitais quando tal não for fundamental", defendeu a plataforma de saúde face ao surto do novo coronavírus.
Já em relação a exames de diagnóstico, cirurgias e outros atos clínicos que obriguem à interação presencial entre doentes e profissionais de saúde, a CNS apelou ao envolvimento de "todo o sistema de saúde -- Serviço Nacional de Saúde, privados e setor social -- para garantir a maior cobertura" aos cidadãos.
"Tempos extraordinariamente difíceis exigem medidas extraordinárias e urgentes. (...) Num momento dramático (...), toda a capacidade do sistema de saúde nacional tem de estar ao serviço dos portugueses", pode ler-se na nota divulgada.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 114 mil mortos e infetou mais de 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Dos casos de infeção, quase 400 mil são considerados curados.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 535 mortos, mais 31 do que no domingo (+6,2%), e 16.934 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 349 (+2,1%).