De acordo com uma nota divulgada hoje, o presidente da LBP, Jaime Marta Soares, enviou uma carta ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na qual considera como "uma atitude intolerável e abusiva" a invasão ao quartel daquela corporação do distrito de Portalegre, que fez "uso da força e da intimidação".
No sábado à noite, cerca de 40 pessoas invadiram aquelas instalações, exigindo que uma criança fosse socorrida, disse no domingo à agência Lusa o presidente do município, Gonçalo Lagem.
De acordo com o autarca, um grupo de pessoas tentou entrar "a todo o custo" nas instalações dos bombeiros daquela vila alentejana.
"Com as medidas de contenção [por causa da pandemia], os bombeiros antes de prestarem qualquer tipo de socorro têm de se preparar, com equipamento de proteção individual, e demoram mais um bocado. Deveria ter sido acionado o 112, não pode ser assim, não podem ir ter ao quartel dos bombeiros", afirmou Gonçalo Lagem.
O autarca garantiu que "nunca esteve em causa" o socorro à criança, que apresenta "problemas congénitos", sendo "normal" a mesma ser socorrida pelos bombeiros.
O presidente da Câmara de Monforte recordou ainda que em dezembro "ocorreu um episódio de idêntica natureza" no quartel dos bombeiros, bem como "há cerca de três semanas" no Centro de Saúde de Monforte.
Na missiva enviada hoje ao chefe de Estado, o presidente da LBP refere que o grupo de pessoas "entrou de forma intempestiva e brutal" nas instalações da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Monforte.
Jaime Marta Soares realça que "atos desta relevância, levados a efeito contra os bombeiros por grupos organizados de origem devidamente identificada, têm-se repetido em diversos locais".
Por isso, a LBP apela para a criação de legislação "para a proteção dos bombeiros e das suas estruturas".
"Não podemos continuar a tolerar a passividade ou tolerância excessiva das autoridades perante ataques mesquinhos e cobardes contra os bombeiros, cidadãos respeitáveis e respeitadores, e que, como tal, exigem ser tratados", finaliza o comunicado.
No domingo, o autarca de Monforte anunciou que, para evitar no futuro mais episódios desta natureza, o município vai avançar para a construção de uma vedação, com recurso a videovigilância, nas imediações do quartel dos bombeiros.
Apesar de classificar como "notável" a atuação da GNR naquele território, Gonçalo Lagem exigiu uma "visibilidade mais musculada" das forças de segurança, bem como "mais recursos" para o posto de Monforte.
O oficial de relações públicas do Comando Territorial de Portalegre da GNR, major David Pires, esclareceu que têm sido registadas "situações pontuais" de insegurança em Monforte, considerando não haver casos para "alarmismos".
"Os meios são balanceados, quer os das patrulhas territoriais, quer do destacamento de intervenção, que tem sempre equipas no distrito, muitas vezes direcionadas para o concelho de Monforte", disse David Pires.
A GNR foi chamada ao quartel dos Bombeiros de Monforte, estando a proceder à identificação das pessoas envolvidas na invasão.