Na habitual conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde e do Ministério da Saúde, Graça Freitas assegurou que Portugal já chegou a um ponto de equilíbrio da curva epidemiológica. Quer isto dizer que, de acordo com o indicador - R0 -, cada infetado transmite a doença a menos de uma pessoa.
“Quanto maior o R, obviamente maior a capacidade de a curva subir e exponencialmente”, indicou a diretora-geral da Saúde, explicando que as indicações das autoridades de saúde vão no sentido de tentar baixar esse indicador.
“Quando estamos naqueles planaltos, quer dizer que o R é muito próximo de 1. Quando o R vem para abaixo, começamos a descer na curva e a ter menos casos de semana para semana ou de dia para dia".
De momento, o R em Portugal é de cerca de 1, o que significa que "estamos equilibrados". Em algumas "regiões [está] acima de um, e noutras ligeiramente abaixo". Por isso, considerou a responsável, "temos andado no planalto, com alguma tendência decrescente, mas ainda é cedo para dizermos. Estamos no ponto de equilíbrio".
Já António Sales assegurou que, apesar da pandemia de Covid-19, "é seguro ir à urgência. Não tenham medo em caso de descompensação das doenças crónicas. Esta resposta tem sido assegurada com a maximização da segurança possível".
A garantia do secretário de Estado da Saúde foi deixada quando confrontado com os números que indicam o adiamento de consultas presenciais e de cirurgias programadas. O governante realçou ainda que Portugal teve de assegurar que o Serviço Nacional de Saúde respondia a "uma emergência de saúde pública", numa altura, aliás, em que se registava uma trajetória "bem conseguida" da atividade programada.
Há, como consentiu, uma variação homóloga do primeiro trimestre de 2020 em relação a 2019. No âmbito dos cuidados primários, regista-se uma diminuição de 6,6% de consultas presenciais, mas há, por outro lado, um aumento de consultas não presenciais (26,9%), o que significa que "novas ferramentas (como as digitais) conseguem fazer o acompanhamento de muitos destes doentes".
No âmbito hospitalar, há uma diminuição de "5,7% das consultas e de 5,3% de cirurgias". Está a ser feito "um plano de recuperação assistencial não Covid-19, mas isso implica assegurar a capacidade do sistema e preservar a capacidade instalada do SNS".
Desde o dia 1 de março, em Portugal já foram realizados mais de 300 mil testes à Covid-19. Na habitual conferência de imprensa, António Sales detalhou ainda que já foram levados a cabo cerca 302 mil testes e testadas 27.925 pessoas por milhão de habitantes. Este é, como considerou o secretário de Estado da Saúde, um valor superior ao de outros países, nomeadamente Suíça, Itália ou Alemanha.
Ventiladores com designação chinesa?
Ao que tudo indica, chegaram a Portugal alguns ventiladores, oriundos da China, com indicações na língua do país, nomeadamente botões. Questionado relativamente a este facto, o governante justificou que, perante as necessidades do país, o Estado teve "recorrer ao mercado chinês".
O Ministério da Saúde tem conhecimento de que "há botões em chinês, mas existem indicadores universais, como os de saturação, que permitem ter acesso relativamente fácil". Porém, se houver necessidade de "formação dos profissionais relativamente aos indicadores", essa será facultada.
Máscaras de uso comunitário em produção
Convidada a analisar a quantidade de máscaras disponíveis no país na altura em que foram suavizadas as medidas de confinamento, Graça Freitas começou por explicar que é importante distinguir três tipos de máscaras, designadamente as respiradoras, as cirúrgicas e as de uso comunitário, criadas nesta fase de pandemia.
Para acautelar que estas máscaras comunitárias respondem aos critérios de qualidade, foi criada uma task-force, coordenada pelo Infarmed, sendo que "o mercado está a funcionar" para as fornecer. A diretora-geral da saúde reiterou ainda que a recomendação vai no sentido de estas máscaras "serem utilizadas pela comunidade em geral em determinadas circunstâncias, em transportes públicos, em ambientes fechados como farmácias, supermercados e lojas, quando não for possível manter o distanciamento social".
"Estar num lar não é uma fatalidade"
No que à mortalidade nos lares diz respeito, privilegiando critérios de "transparência", a diretora-geral da Saúde explicou que, do número total de óbitos registados em Portugal (820), 327 ocorreram em lares. Mas estes números, como referiu, têm de ser interpretados tendo em conta o facto de se tratar de “população muito idosa, concentrada e doente”.
Destes 327, detalhou a responsável, 180 foram registadas na zona norte, 106 na região centro, 39 em Lisboa Vale do Tejo, um no Alentejo e um no Algarve. Reiterou ainda Graça Freitas que "estar num lar não é uma fatalidade. A maior parte das pessoas que adoeceram em lares estão recuperadas". Durante a sua recuperação, "foram transferidas para hospital quando a situação se justificou".
Recorde aqui a conferência de imprensa:
[Notícia atualizada às 14h12]