Numa altura em que “a cibercriminalidade é uma das maiores ameaças ao nível da criminalidade em geral”, a procuradora geral adjunta, Maria José Morgado, lamentou, em entrevista ao Diário Económico, a falta de condições em que se trabalha no Ministério Público e na Polícia Judiciária.
“Não temos no Ministério Público uma base de dados, um sistema informático digno desse nome. Não temos assessorias técnicas, nem informáticas, nem de outros conhecimentos necessários para acompanhar a investigação criminal. Temos a nossa própria vontade e o orgulho profissional”, contou a magistrada, garantindo que “neste momento é quase sem funcionários, quase sem sistema informático, quase sem nada” que se concluem os processos.
“As pessoas não imaginam como nós trabalhamos. Um departamento como o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, que movimenta anualmente 80 mil inquéritos, não tem sequer uma digitalizadora”, acrescentou.
Maria José Morgado foi ainda mais longe e explicou que “para combater a cibercriminalidade, a Polícia Judiciária não tem equipamento tecnológico compatível com as ameaças e as fontes de perigo existentes. Não tem equipamento suficiente para a extracção de dados da Internet, não tem recursos humanos para recolher os terabytes necessários para se provar determinados crimes, e esta criminalidade é uma das maiores ameaças ao nível da criminalidade em geral. (…) Não podemos usar fisgas para enfrentar criminosos sofisticados”, concluiu.