"Não podemos usar fisgas para enfrentar criminosos sofisticados"

A procuradora geral adjunta garantiu, ao Diário Económico, que “as pessoas não imaginam” como se trabalha no Ministério Público, denunciando a gritante falta de meios deste organismo, bem como da Polícia Judiciária. “Não podemos usar fisgas para enfrentar criminosos sofisticados”, disse Maria José Morgado.

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Notícias Ao Minuto
16/12/2013 11:56 ‧ 16/12/2013 por Notícias Ao Minuto

País

Maria José Morgado

Numa altura em que “a cibercriminalidade é uma das maiores ameaças ao nível da criminalidade em geral”, a procuradora geral adjunta, Maria José Morgado, lamentou, em entrevista ao Diário Económico, a falta de condições em que se trabalha no Ministério Público e na Polícia Judiciária.

“Não temos no Ministério Público uma base de dados, um sistema informático digno desse nome. Não temos assessorias técnicas, nem informáticas, nem de outros conhecimentos necessários para acompanhar a investigação criminal. Temos a nossa própria vontade e o orgulho profissional”, contou a magistrada, garantindo que “neste momento é quase sem funcionários, quase sem sistema informático, quase sem nada” que se concluem os processos.

“As pessoas não imaginam como nós trabalhamos. Um departamento como o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, que movimenta anualmente 80 mil inquéritos, não tem sequer uma digitalizadora”, acrescentou.

Maria José Morgado foi ainda mais longe e explicou que “para combater a cibercriminalidade, a Polícia Judiciária não tem equipamento tecnológico compatível com as ameaças e as fontes de perigo existentes. Não tem equipamento suficiente para a extracção de dados da Internet, não tem recursos humanos para recolher os terabytes necessários para se provar determinados crimes, e esta criminalidade é uma das maiores ameaças ao nível da criminalidade em geral. (…) Não podemos usar fisgas para enfrentar criminosos sofisticados”, concluiu.

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