"Deixe-me ser muitíssimo clara sobre aquilo que foi ontem a minha intervenção: todos sabem que a Igreja Católica já há muito decidiu, e com grande prudência, que este ano não haveria peregrinos no Santuário de Fátima", começou por explicar Marta Temido, no início da habitual conferência de imprensa da Direção-geral de Saúde. "Por decisão da Diocese de Leiria-Fátima as celebrações iriam ter lugar dentro da Basílica e seriam transmitidas televisivamente", acrescentou.
"O que o Ministério da Saúde ontem pretendeu explicitar é que há uma diferença entre peregrinos e celebrantes. E aquilo que a Igreja Católica já definiu muito concretamente foi a sua intenção de que, num contexto de prudência e de especial cautela, este ano as celebrações acontecessem num quadro específico. Nós estamos obviamente totalmente disponíveis para apoiar a Igreja Católica ajudando à definição daquilo que sejam as regras específicas para essas celebrações, mas não se confundam celebrantes com peregrinos", continuou Marta Temido.
"Penso que estará clara a ideia de que não há aqui nenhuma situação diferente daquela que estava prevista e prudentemente definida pela nossa Igreja", terminou.
A ministra da Saúde fez assim a sua defesa depois do Santuário de Fátima ter dito que foi "apanhado de surpresa pelas declarações do Governo", referindo-se à entrevista de Marta Temido onde esta admitia as celebrações do 13 de maio como uma "uma possibilidade", desde que sejam uma opção dos organizadores e cumpridas as regras sanitárias.
Hoje, a governante referiu que uma das últimas resoluções do Conselho de Ministros prevê, precisamente, que os membros do Governo responsáveis pela Administração Interna e pela Saúde possam autorizar a realização de determinadas celebrações ou eventos.
Recorde-se que, a 6 de abril, o Santuário de Fátima anunciou que a Peregrinação Internacional Aniversária de maio será este ano celebrada sem a presença física de peregrinos, devido à Covid-19, mas que se mantêm as principais celebrações.
Portugal entrou às 00:00 de hoje em situação de calamidade devido à pandemia de Covid-19, depois de ter estado em três períodos consecutivos em estado de emergência que vigoraram desde 18 de março. Neste novo período da situação de calamidade, vai ser obrigatório o uso de máscaras em transportes públicos, nos serviços de atendimento ao público, escolas e nos estabelecimentos comerciais e de serviços abertos ao público, mantendo-se as recomendações de higiene das mãos e etiqueta respiratória, assim como de distanciamento físico.