A conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre as últimas atualizações da pandemia da Covid-19 em Portugal - mais 15 mortos, 480 infetados e 333 recuperados desde ontem - conta, esta quarta-feira, com o Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, com Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas e com o Presidente do Conselho Diretivo do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), Fernando Almeida.
O briefing diário de hoje abriu, como já vem sendo habitual, com o secretário de Estado da Saúde.
Depois de atualizar os números sobre a situação pandémica em Portugal, António Lacerda Sales revelou que foram feitos mais de 471 mil testes desde o dia 1 de março. “De 1 a 4 de maio, tivemos uma média de 10.700 testes realizados por dia. 46,5% foram feitos em laboratórios públicos, 42,5% em laboratórios privados e 11% em laboratórios militares".
De seguida, passou a palavra ao presidente do Conselho Diretivo do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), Fernando Almeida, para este explicar aos portugueses o estudo serológico que vai avançar para o terreno na terceira semana de maio.
SARS-CoV-2 já teve "150 mutações" desde que saiu de Wuhan
Além de ter dado mais pormenores sobre como será feita a investigação serológica, Fernando Almeida revelou que esta não será feita apenas através de inquéritos sorológicos, mas também da sequência do genoma do vírus.
“Até agora temos estado focados no diagnóstico e da resolução da epidemia. Percebemos agora que é tempo de ir em busca das respostas que o coronavírus nos pode dar”, disse, recordando que este tipo de estudos já foi utilizado "na legionella, no sarampo, na hepatite, e tem em vista percebermos a impressão digital deste coronavírus”.
Estas investigações, sublinhou o Presidente do Conselho Diretivo do INSA, vão ser importantes "para perceber se há linhagens mais severas, mais agressivas” do vírus" e a sequenciação do genoma também ajuda no trabalho de investigação para encontrar uma vacina.
Uma das conclusões já tiradas pelos investigadores portugueses, anunciou Fernando Almeida, é que o SARS-CoV-2 já sofreu "150 mutações desde que saiu de Wuhan até Portugal”.
Mais à frente na conferência, o presidente do INSA, quis fazer uma clarificação aos jornalistas para explicar que “não podemos confundir estirpe com linhagem”. “Existem, que se saiba, sete estirpes de coronavírus. Esta nova estirpe é que tem várias linhagens e esta linhagem é que tem várias alterações no seu genoma. Estão sempre a alterar-se porque há algumas interferências de outros genomas que o transformam numa linhagem diferente. Mas sempre na mesma estirpe”.
“O atual conhecimento científico deste coronavírus é ínfimo em relação ao que nos pode dizer. Até agora estivemos a responder, agora queremos que nos responda a nós”, concluiu.
"Diabéticos e hipertensos podem ficar tranquilos e confiantes"
Questionado sobre a exclusão dos pacientes hipertensos e diabéticos do regime excecional de proteção laboral para imunodeprimidos e doentes crónicos no âmbito da pandemia de Covid-19, Lacerda Sales garantiu que as pessoas que sofrem desta patologias podem ficar descansadas e que a declaração de retificação publicada em Diário da República tem “apenas um caráter exemplificativo”.
“Os diabéticos e os hipertensos de Portugal podem ficar tranquilos e confiantes. Na sua grande maioria, quer diabéticos, quer hipertensos, são de facto fatores de risco para doenças crónicas: a hipertensão para doença cardiovascular a a diabetes para doença cardiovascular e também doença renal. Estes doentes são, portanto, essencialmente compensados. O facto de estarem compensados, porém, não significa que a qualquer momento não possam vir a descompensar. Sempre que isso puder vir a acontecer, essa situação estará com certeza coberta pelo chapéu das doenças crónicas”, explicou o Secretário de Estado da Saúde
Hospitais vão manter circuitos Covid e não-Covid
Já sobre as zonas Covid e não Covid nos hospitais, com circuitos internos separados nos hospitais, de forma a evitar a propagação do novo coronavírus entre pacientes, Lacerda Sales afirmou que essas vão continuar a existir porque, sublinhou, "o surto não acabou” e há possibilidade de uma “segunda onda”.
Convivência entre avós e netos? "Depende dos avós" e com "precauções"
Por sua vez, Graça Freitas respondeu a uma questão relacionada com a convivência entre avós e netos. De acordo com a Diretora-Geral da Saúde, a aproximação "depende dos avós".
"Temos de pensar em que tipo de avós estamos a falar. Há avós jovens, sem factores de risco, e aí a convivência não envolve nenhum risco acrescido para uma população mais vulnerável", afirmou, realçando, contudo, que em casos de "idade mais avançada" e/ou "patologias associadas" "têm de ser observadas precauções".
"Se os avós forem vulneráveis devem ser protegidos, o convívio familiar deve ser mantido com todas as recomendações que temos feito", rematou.
Sobre as visitas aos lares de idosos, Graça Freitas garantiu que estão a ser analisadas "formas de retomar a visita segura" e que a frequência de centros de dia também está a ser estudadas.
Falta de equipamento de proteção individual? Estão a ser feitos "reajustes"
Desde o início da pandemia que uma das questões mais debatidas é a falta de equipamento de proteção individual, uma carência que continua a ser relatada, em alguns pontos do país, como a região Centro. Sobre esta questão, Lacerda Sales assegurou estarem a ser feitos “reajustes a cada semana”. “Temos feito esforços para que tal não aconteça”, afirmou, acrescentando que já foram entregues mais de 6 milhões de equipamentos destes por todo o país.
Regresso às aulas "está a ser ponderado para garantir a segurança de todos"
Sobre o regresso às aulas do 11.º e do 12.º ano e o receio dos pais em enviar os filhos para os estabelecimentos de ensino, Graça Freitas garantiu que "este regresso está a ser ponderado para garantir a segurança de todos", mas admitiu que "obviamente que não há risco zero em nada na nossa vida social, de relação, laboral".
"O que estamos a fazer é aplicar um conjunto de regras para minimizar o risco. Regras dependentes de várias coisas, como as condições em que vão ser retomadas as aulas, os equipamentos, a organização das aulas, do tipo de contacto entre alunos nos espaços, da organização do espaço escolar, da limpeza”, frisou.
“Outro grande grupo de medidas tem a ver com os comportamentos. Um jovem pode ter um comportamento seguro fora do ambiente escolar como dentro da escola. Vamos recomendar que este regresso seja feito de forma ordeira e respeitando todas as regras. Devemos voltar às aulas com toda a confiança, desde que se garanta que toda a comunidade escolar vai contribuir para este esforço. Através do distanciamento, da higiene nas mãos, da etiqueta respiratória e do uso de máscara. Mas o uso de máscara não leva a que as pessoas possam conviver frente a frente e de perto”, recordou Graça Freitas.
Veja aqui o briefing diário da DGS:
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