Reabrir escolas é uma "decisão política" num "quadro de pouca prudência"
Mário Nogueira apontou, esta sexta-feira, que a própria comunidade científica está divida sobre se a reabertura das escolas deve decorrer já no início da próxima semana.
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País Covid-19
O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, considerou, esta sexta-feira, que a reabertura dos estabelecimentos de ensino na próxima segunda-feira é uma "decisão política" tomada "num quadro de pouca prudência".
Admitindo, que o Governo "tem toda a legitimidade" para avançar com esta medida, o responsável sublinhou que "se as coisas correrem mal, as responsabilidades políticas terão de ser assumidas".
Apesar de destacar que a Fenprof deseja "que tudo corra bem", Mário Nogueira disse também que não poderia deixar de referir que a força sindical acredita que esta decisão é "feita num quadro de pouca prudência".
"Ou seja, entendemos que não estão ainda reunidas as condições de segurança sanitárias para que, com prudência, as escolas, as creches e os jardins de infância possam reabrir", argumentou o secretário-geral durante uma conferência de imprensa realizada, no final desta manhã, no Porto, numa sessão que serviu para divulgar o Manual de Procedimentos, Condições e Exigências que a Fenprof pretende distribuir aos professores e publicar no seu 'site'.
"Opinião da comunidade científica não é consensual"
Para sustentar esta opinião, o sindicalista recordou que a reabertura das escolas prevista para a próxima semana é uma decisão que no seio da comunidade científica "não é consensual".
Mencionando dois documentos recebidos pela Fenprof, o responsável ilustrou esta divisão referindo que um parecer do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas defende que "é desaconselhada a reabertura" neste momento porque o "nível de transmissão" é ainda acentuado e, outro parecer, realizado pela Sociedade de Epidemiologia, "admite que a abertura se possa dar agora".
"Portanto, a própria comunidade científica divide-se, os próprios especialistas da área não dizem convictamente que a abertura se deve dar", insistiu.
"Todos os profissionais, funcionários e alunos devem fazer [o teste]"
Logo no início da sua intervenção, Mário Nogueira afirmou que "não é garantido um dos compromissos que o Governo e o primeiro-ministro tinham assumido"."O compromisso era que em cada momento que viesse a ter lugar o desconfinamento seria sempre precedido da avaliação do momento anterior. O problema aqui é que o momento anterior não foi avaliado", apontou o secretário-geral da Fenprof, advertindo para o facto de ainda não haver dados sobre o impacto da primeira fase do desconfianemento.
"Para além de que este desconfinamento foi reduzido. (...) O verdadeiro impacto só acontecerá depois de dia 18", acrescentou.
Ainda sobre o Executivo de António Costa, o responsável voltou também a acusar o Ministério da Educação de se estar a "recusar a testar a comunidade escolar", considerando "importantíssimo" que fossem feitos testes ao novo coronavírus a toda a comunidade que vai regressar e não apenas a alguns setores, como é o caso das educadoras de infância e funcionários afetos ao pré-escolar.
"Todos os profissionais, funcionários e alunos devem fazer [o teste]. Não fazer aos alunos é uma decisão incompleta", referiu o secretário-geral, apontando para "cerca de meio milhão de pessoas a regressar às escolas" entre crianças, adolescentes e adultos.
As contas da Fenprof são baseadas nos cerca de 160 mil alunos que regressam no secundário (11.º e 12.º anos), somando-se 200 mil professores e auxiliares deste grau de ensino, bem como "240 a 250 mil" no pré-escolar.
"É fácil estabelecer prioridades por concelhos tendo em conta o quadro epidemiológico", defendeu Mário Nogueira, dando outros exemplos de locais a testar prioritariamente, nomeadamente recorrendo ao exemplo de focos de infeção por covid-19 identificados na zona da Azambuja.
"Não é por acaso que os Açores, Madeira, a Universidade de Aveiro, Lisboa, Beira Interior, entre outras, e algumas Câmaras Municipais anunciaram [testes ao secundário]. O facto de não ter sido feita a testagem até ao regresso, não significa que não seja feita entretanto", disse Mário Nogueira
A Fenprof, que no início da semana entregou na Assembleia da República uma petição que já vai em 7.000 assinaturas para reclamar testes de despistagem à doença covid-19 para a comunidade escolar, participou na quinta-feira numa reunião no Infarmed.
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